sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cléo Brandão ´ganha marido´ com demissão na Band


Em um tempo em que mulheres em bancadas de programas esportivos eram raridade, ela foi uma das pioneiras e com esse trabalho conseguiu abrir portas para outros tipos de atividades, como posar em revista masculina, jogar futebol profissional e gravar comerciais.

Até que um contratempo mudou a vida da apresentadora Cléo Brandão, 45 anos, hoje chefe do caderno de automóveis da revista Speedway, que tem como foco o automobilismo e é propriedade de seu marido, o também jornalista Alex Ruffo.

Cléo foi durante aproximadamente dez anos apresentadora de diversos programas da Band na década de 1990, como Esporte Total, Show do Esporte e Faixa Nobre do Esporte. Virou uma das musas da TV na época e foi capa de uma edição da Playboy, tudo com consentimento de sua emissora.

Até que em 2000 fez uma gravação para uma propaganda de Telesena, título de capitalização ligado ao SBT, de propriedade de Silvio Santos. Teve que encerrar sua participação nos programas da Band e não comunicou à emissora, o que não agradou ao canal. Cléo, então, nunca mais voltou para a TV.

Foi para a Rádio Transamérica no ano seguinte para apresentar programas automobilísticos. Em um evento sobre o assunto, conheceu o seu atual marido, que o chamou para trabalhar na revista. Conciliou rádio e revista até 2010, quando passou a dedicar-se exclusivamente ao negócio de Ruffo.

Cléo diz ter saudades da TV, mas afirma que seu ciclo foi cumprido e que o episódio da Telesena, no final, foi até produtivo para sua vida, já que assim gerou seu segundo casamento. “Foi uma série de acontecimentos mais positivos do que negativos. Mesmo com saudades da TV, dos colegas. Foi um pouco assim. Não sei se é destino. Acho que a gente faz o destino. Foi uma escolha que no final deu certo.”

Como está sua vida hoje e como é sua rotina?
Eu estou há nove anos trabalhando na revista. É especializada em automobilismo e automóvel. É uma publicação nossa. Ela faz 17 anos esse ano. Comecei fazendo reportagens especiais, entrevista com pilotos e depois abrimos um caderno de automóveis.  Hoje acompanho lançamento das montadoras. São 12 pessoas que fazem a parte de automobilismo e quatro pessoas que fazem a de automóveis.

Você sente saudades da TV? Queria ter continuado por mais tempo?
Eu acho que foi natural. Cumpri um ciclo longo. Fiquei dez anos. Deu pra aproveitar bastante, deu pra aprender, estudar. Eram vários programas. Vivi muito intensamente o trabalho e sinto como se tivesse terminado um ciclo que não que tivesse necessariamente que parar. Me dediquei tanto aos outros trabalhos que não consegui retomar os projetos de TV. Cumpri um ciclo, sinto saudades, mas tenho vontade de fazer coisas diferentes hoje.  Foi desafiador e senti que tive um dever cumprido.

Você toparia voltar para a TV hoje?
Deu para me sentir realizada profissionalmente na TV. Hoje quero descobrir coisas diferentes de outros veículos. Quero uma oportunidade em uma mídia diferente. Gosto muito da internet. Gosto muito da velocidade da informação e acho muito interessante. [Falar sobre esportes] é o que mais gosto e sobre automóvel também. É bem diferente de automobilismo. Adoro futebol, gosto de outras modalidades, tênis, vôlei. Só não gosto de um esporte: luta livre.

Você acompanha as apresentadoras esportivas de hoje? O que acha?
Não tenho muito tempo, mas se estiver passando na TV eu paro e olho, observo. Sinto até um certo orgulho de ser da geração pioneira. Era um momento de muito preconceito, falavam que não valia a pena investir em mulheres. Hoje tenho muito orgulho quando vejo uma Renata Fan falar de boca cheia que adora o que faz, que gosta e entende. Ela estudou e está atenta a todas informações e novidades. Me dá orgulho, já até falei isso pra ela.

Você deixou a TV por aquele episódio da Telesena. Acha que conduziu mal?
Foi o seguinte: hoje você tem contrato que não pode fazer comercial, não só pra outra emissora, como às vezes na própria emissora. A Band permitia. Eu fiz vários comerciais para vários produtos. Na época eu tinha liberdade e sempre pedia autorização pra fazer, e sempre autorizavam. Eu fui convidada pra fazer esse comercial. E foi tudo rápido, recebi o convite, no dia seguinte era a gravação. Tive que assinar contrato rápido. Eu deixei de conversar com o pessoal do esporte, e teve diretor que não se opôs. Mas teve um diretor que eu não conhecia, nunca tive reunião, nada. Ele não gostou e achou que meu nome iria ficar ligado ao SBT e que não seria bom pra imagem. Mas eu já tinha assinado contrato. Teria que pagar multa e outras consequências. Fiz a opção de não cancelar contrato e prefiri ficar fora.

Tomaria a mesma decisão se fosse hoje?
Na verdade eu quis ser coerente. Não sei se faria a mesma coisa hoje. Mas eu pesei as coisas e pensei em fazer isso. Hoje eu pensaria. Quando me convidaram achei que foi uma opção de confiança do outro lado. Mas deu uma guinada na minha vida. Fiz coisas que talvez na Band, com o tempo que me ocupava, eu não tivesse tempo de fazer, como rádio, ter conhecido o outro mundo do automobilismo com meu marido. Foi uma série de acontecimentos mais positivos do que negativos. Não sei se é destino. Acho que a gente faz o destino. Foi uma escolha que no final deu certo.

Como foi ter posado para a Playboy? Se arrepende hoje?
Eu recebi o convite de forma inesperada por fazer um trabalho de jornalismo e não ser comum nesse meio. Quando eu recebi, era casada com outra pessoa e tinha filho pequeno. Fiz reunião com eles e acharam legal pela chance de ficar mais popular, divulgar o próprio trabalho. Fui conversar com a Bandeirantes, com o Juca Silveira, então diretor de Esportes, e deram autorização. Acharam ótima ideia. Eu decidi fazer. Acho que aumentou bastante a popularidade, recebi mais convites pra fazer comerciais e eventos. Fiquei mais conhecida por outro público. Me rendeu bastante coisas, que acho positivas. Não me arrependo e foi uma decisão legal.

Como surgiu o convite para jogar futebol no São Paulo?
Eu jogava futebol na escolinha do Rivelino. Fazia as aulas por hobby. O Rivelino trabalhava comigo na Band como comentarista e perguntei se poderia treinar lá. Quando a Federação Paulista montou campeonatos femininos e decidiram investir em futebol, me convidaram pra jogar no São Paulo. Eu fui convidada pelo São Paulo. Então comecei a treinar. Trabalhava de manhã na Band, chegava cedo e saia às 13h para ir treinar em Indaiatuba com as garotas que treinavam de manhã e de tarde. Eu tinha só metade do tempo pra treinar. E ainda fazia faculdade. Trabalhava de manhã, treinava de tarde. E jogava futebol no fim de semana. Tive um relacionamento legal com as garotas. Foi uma experiência que queria ter tido e tive. Joguei com várias jogadoras da seleção, como Sissi, Kátia Cilene, Formiga.

Fonte: UOL

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