sábado, 20 de novembro de 2010

Elias Gleizer aguarda reviravolta do seu personagem


O jeito calmo de falar e o sorriso discreto não escondem o bom humor de Elias Gleizer. Seja sobre "Passione" ou si mesmo, o ator não perde uma piada sequer. Talvez por isso, o intérprete do motorista Diógenes da novela das oito, tenha ficado marcado pelas figuras simpáticas que interpretou na TV, que vão desde avôs bonzinhos até uma legião de religiosos. "Estive em uma onda de só fazer padres. Mas aí, não consegui ser bispo, não tive nenhuma promoção nem nada. Então, pedi para não interpretar mais padres", lembra, entre risos. "Já fiz um vilão, daqueles bem terríveis", frisa. Com 50 anos de carreira e mais de 40 novelas no currículo, chega a ser difícil citar qual trabalho foi o mais marcante. "Tudo aquilo que passou, já foi. Meu personagem favorito é sempre o último. Atualmente, o Diógenes é o que eu tenho mais carinho. Acho o máximo", garante o ator de 76 anos.

Com tanta experiência, Elias não é do tipo de ator que faz composição de personagem. Para ele, em uma obra aberta como uma novela, esse tipo de trabalho chega a ser uma perda de tempo. "Quando o ator é escalado para uma trama, ele recebe uma sinopse. Depois do quinto capítulo, pode jogar fora, porque o personagem já não é nada daquilo que estava escrito", diverte-se. Em uma trama cercada de mistérios, onde a cada capítulo um novo personagem pode ser uma vítima ou o assassino, então, as mudanças são inevitáveis. "Ainda dou corda. Coloco uns olhares para que o telespectador se pergunte o que está acontecendo", revela.

 E o mistério se mantém nas ruas. Tanto que, quando é abordado por espectadores, Elias é sempre sabatinado com perguntas sobre quem matou o Saulo, personagem de Werner Schünnemann, e qual o segredo de Brígida, vivida por Cleide Yáconis. Mas o ator faz questão de manter o clima de suspense. "É segredo e segredo a gente não conta. A relação dele com a Brígida é mistério para todo mundo. Eu tenho a impressão que é segredo até para o autor da novela", ressalta ele, que ainda espera que Silvio de Abreu guarde uma reviravolta para Diógenes.

Em 50 anos de profissão, você já interpretou tipos muito simpáticos e até vilões na televisão. Como é trabalhar em uma trama de mistério?
Eu adoro trabalhar com mistério. E ainda dou corda! Coloco uns olhares em cena, para que o telespectador pense "o que está acontecendo?". Quando saio às ruas as pessoas me perguntam qual o segredo da Brígida, quem matou o Saulo... O duro é quando não falam nada, quando você passa e ninguém te conhece.

Você estreou na TV em 1959. Qual a maior diferença na forma de fazer novelas hoje em dia?
O que mudou foi a tecnologia. Hoje, existe uma preocupação muito grande com detalhes e não com o lado artístico. Por exemplo, hoje, o cantor que não tem voz pode cantar, porque a tecnologia melhora a voz dele. Na atuação também. Tem gente que sai do "Big Brother" e quer se tornar ator.

Muitos atores veteranos reclamam da falta de trabalho na televisão por conta da idade. Você sente essa dificuldade?
Em 2009, gravei "Caminho das Índias" e este ano estou em "Passione". Estou sempre no ar, então quer dizer que não falta, né? O que eu sempre digo é o seguinte: você não pode ser astro de uma novela só, assim como não pode ser um cantor de uma música só. Tudo depende da dedicação das pessoas.

Aos 76 anos e mais de 50 personagens no currículo, qual a sua motivação para continuar atuando?
Cada personagem é uma novidade. Quando recebo uma sinopse, vou descobrindo como é o papel e trabalhando o personagem, sempre tem uma característica que me faz dizer "puxa, que legal". Isso é o que me entusiasma. É poder sempre fazer algo diferente.

Fonte: UOL TV

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