Acho que eu sou uma das poucas pessoas do mundo que adorava a Maria Eduarda de Por Amor (1998). Acho que ate já contei aqui que cheguei a batizar uma cadela de Eduarda por causa da personagem… Na época, gostei demais da maneira como Manoel Carlos fez a transição da filha de Helena (Regina Duarte) de menina mimada para uma jovem madura e consciente. E curti ainda mais a forma inteligente como Gabriela Duarte desenvolveu sua personagem. Ela preferiu se arriscar e manter o tom petulante da Eduarda – o que irritou muita gente – a tentar enrolar o público criando uma súbita mudança de comportamento. A opção pela coerência teve um alto preço a ser pago, mas ao mesmo tempo, revelou que ali tinha uma jovem atriz em busca de crescimento profissional e não apenas de uma fugaz popularidade. E todo esse esforço é coroado hoje, quando sua performance como a fogosa Jéssica, de Passione, é considerada uma das melhores – se não a melhor – do ano passado.
Na verdade, eu já tinha sido tocado pela presença graciosa de Gabriela em Top Model (1989) e Irmãos Coragem (1995). Mas foi realmente como Maria Eduarda que ela pode mostrar todo seu talento. Doze anos depois, ela finalmente conseguiu a aclamação do público e crítica que deveria ter conquistado em Por Amor ou mesmo em Chiquinha Gonzaga (1999), Esperança (2002), América (2005) ou Sete Pecados (2007). Na pele de Jéssica, a atriz surpreende fazendo comédia com a categoria que muito ator bem mais experiente não tem. Apesar do triângulo amoroso que ela formou com Berilo (Bruno Gagliasso) e Agostina (Leandra Leal) ter perdido a razão de ser, Jéssica nunca cansou a paciência do público. Ela passou por várias fases diferentes e conseguiu se reciclar e sobreviver a um núcleo que não disse ao que veio. E, melhor: a cada nova mudança tornava-se ainda mais engraçada.
Gabriela, assim como Irene Ravache, trouxe frescor e leveza para uma história pesada e inverossímil. E acho que será uma das poucas personagens de Passione que deixará saudade. Pessoalmente, não desse final, em que Berilo fica com Jéssica e Agostina. Preferia ver as duas dando um tremendo pé na bunda do italiano safado e recomeçando suas vidas. De repente até disputando um novo homem, mas nunca se humilhando ao ponto de rastejarem atrás de um homem que nunca as mereceu. Ótima atriz também, Leandra Leal não teve a sorte da colega de ver Agostina transitar mais pelo humor. A italiana estava sempre sofrida e mal humorada, enquanto Jéssica mesmo quando sofria por amor, era com graça. O que eu gostaria agora é que a Globo finalmente desse uma protagonista para Gabriela Duarte ter mais espaço na trama para mostrar todo seu potencial. Ela já provou que saber fazer rir, chorar, se dá bem como mocinha romântica e mulher determinada. De repente o próximo passo na carreira da atriz seja ganhar uma vilã daquelas. A partir de agora o céu é o limite para Gabriela Duarte.
Por Jorge Brasil, da Contigo
Nenhum comentário:
Postar um comentário