Meu primeiro contato com Flávia Alessandra aconteceu durante uma matéria, realizada em 1997, nas Paineiras, no Rio de Janeiro, para a revista Amiga, da extinta Bloch Editores. Ela ainda era casada com Marcolino (apelido do ator e diretor Marcos Paulo, na intimidade do casal) e estava fazendo a Dorothy, de A Indomada e gostei dela imediatamente. Simples e muito simpática Flávia estava muito orgulhosa de ter se formado em Direito e empolgada com o primeiro grande papel de sua carreira. Dorothy era uma espécie de “patinho feio”, que virara cisne no decorrer da trama de Aguinaldo Silva. Flávia estava ótima, mas achei, naquele momento, que ela nunca chegaria ao primeiro time da Rede Globo. Não senti nela aquele “fator X” que uma estrela precisa ter… É algo subjetivo e que transcende o talento ou mesmo beleza. Essa longuíssima introdução é para você conseguir entender minha imensa alegria ao constatar que estava completamente equivocado. Quatro anos depois, em nosso segundo encontro, na estreia de Porto dos Milagres (também de Aguinaldo Silva), ela já surgiu deslumbrante, altiva, poderosa como Lívia, a protagonista da novela. Flávia não só virou uma das principais estrelas da emissora, como também se transformou numa grande atriz, conforme podemos constatar atualmente em Morde &Assopra, o ponto mais alto de sua carreira.
Dorothy - A Indomada (1997)
Fiquei absolutamente fascinado com o trabalho da atriz na pele da versão andróide da Naomi. Era impressionante a expressão corporal e facial que ela conseguiu desenvolver. Naomi não piscava, não emitia qualquer sinal de emoção, parecia mesmo um ser artificial. E o mais desafiador para Flávia era ter que manter essa postura, mesmo estando envolvida em cenas de fortíssimo apelo emocional, tanto com Ícaro (Mateus Solano), quanto com Leandro (Caio Blat). Em nenhum momento, ela perdeu a concentração. Foi “fria” na medida certa e soube dosar o desejo de Naomi em adquirir sentimentos humanos. Fiquei arrepiado com a cena em que a robô se despede do jardineiro (ela havia pedido para Ícaro desligá-la por ele não permitir seu envolvimento afetivo com Leandro). É claro que os diálogos brilhantes de Walcyr Carrasco e a direção impecável de Rogério Gomes e sua equipe, contribuíram para a excelência da sequência. Mas foi o talento de Caio e, principalmente, a dedicação assombrosa de Flávia que fizeram daquele um momento mágico: quando a andróide derramou suas primeiras lágrimas e ao som da lindíssima canção She (na voz de Ivo Pessoa). Nossa, foi de arrepiar!
Cristina - Alma Gêmea (2005)
Durante uma tempestade, Naomi sofreu um curto circuito e, na mesma noite, a verdadeira Naomi ressurgiu na vida de Ícaro. Dada como morta, ela havia fugido e retornou repentinamente com um filho a tiracolo. Flávia ganhou sua segunda personagem na novela das 7 e tirou de letra o desafio de criar uma versão carne e osso da loura, com qualidades e (muitos) defeitos. Essa nova Naomi não parece ter caráter. Se não chega a ser uma vilã, boa moça não é mesmo. E ainda guarda vários segredos a serem revelados… Flávia tem passado todas essas sensações com maestria para o público. Ao que tudo indica, Naomi-robô reaparecerá na história, dando à atriz um trabalho duplo… Quer dizer triplo. Ela terá de interpretar a Naomi- humana, a Naomi-robô e a androide ganhando sentimentos e se transformando, assim, numa terceira “pessoa”, com características próprias.
Alzira - Duas Caras (2008)
Naomi é uma personagem dos sonhos de qualquer atriz e, nesse caso, serve como uma luva aquele velho chavão dito por nove entre 10 atores: “Esse papel é um presente…”. É sim. Um presentão, mas que, em mãos de um profissional menos dedicado e talentoso, poderia virar um presente de grego! Mas a atriz o agarrou com toda garra e devolve para seu público um desempenho primoroso! Morde & Assopra e Flávia Alessandra ainda nos reservam muitas surpresas e fortíssimas emoções. Pelo menos assim espero… Quem viver verá!
Fonte: Jorge Brasil, da Contigo
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