segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sucesso dos “remakes” questiona a qualidade das novelas


Sucesso na década de 1970 por popularizar o mistério do tipo "quem matou?", a novela "O Astro", da Globo, volta à grade da emissora em julho em formato de série e promete aguçar a curiosidade do público com novo assassino.

Outro remake, o de "Ti Ti Ti", na faixa das 19h, reavivou outra trama antiga, sem o suspense, mas com humor, e acabou em março com média de 30 pontos de audiência. Uma marca considerável para o horário. Cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande São Paulo.

Na mesma onda de novelas antigas, "Vale Tudo", de 1988, reapresentado no Viva, voltou a causar furor com a pergunta: "Quem matou Odete Roitman?".

Assim, há quem se pergunte se a moda não representaria um hiato de inventividade da dramaturgia atual.

Para Marcílio Moraes, presidente da Associação dos Roteiristas com passagem pela Globo e atualmente na Record, não há por que ser contra remakes de sucesso.

"Se muitos forem produzidos, isso pode indicar falta de criatividade dos autores atuais ou de ousadia dos executivos", ressalta.

Base - Mauro Alencar, doutor em teledramaturgia pela USP, vê com bons olhos as releituras. "É fundamental mostrar às novas gerações, com linguagem atualizada, a base de novelas responsáveis pela sedimentação do gênero", diz.

"A televisão sempre fez [remakes], não vejo novidade nisso", diz Silvio de Abreu, autor da Globo.

Porém o excesso de tramas antigas no ar pode ser um reflexo de uma crise de identidade da produção atual.

O autor Lauro César Muniz, ex-Globo e atual Record, é defensor de capítulos mais sucintos, como acontecia na década de 1980, com menos núcleos e personagens e roteiros mais detalhados.

"Se a novela não tiver uma linha central nítida, o interesse cai, gera 'barrigas' que afastam o público", diz, referindo-se ao excesso de cenas dispensáveis, como paisagens, flashbacks e apelações.

Visão diferente tem Abreu, famoso por folhetins complexos que causam grande expectativa pelo final, como "A Próxima Vítima" (1995) ou "Passione" (2010).

"Mais tramas e mais personagens proporcionam mais ação sem ferir o andamento."

Tiago Santiago, autor de "Amor e Revolução" (SBT), diz ser "besteira" acreditar que a qualidade piorou. "As novelas dessa geração não são piores, faremos nossas obras-primas."

Fonte: Folha

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