quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Vidas em Jogo" é um novo acerto da Record


Mesmo contando com uma super produção que deve consumir até o seu capítulo final quase R$ 100 milhões do orçamento da Record, "Vidas em Jogo" reúne elementos que uma novela com 10% de seu orçamento deve ter e caminha para ser um grande sucesso. O resultado de uma convergência de atores, história, direção e autora dificilmente vai levar a outro lugar que não seja o êxito.

A certeza de que "Vidas em Jogo" tende a subir nos próximos capítulos e ter uma das maiores médias da faixa das 22h se resume ao fato de estar na faixa certa e na emissora certa. A dramaturgia da Record se consolidou e teve seus melhores resultados apresentando o que a novela de Cristianne Fridman tem de sobra: cenas de ação, perseguição e suspense, sem deixar de lado a comédia e o tradicional romance.

Aliam-se aos argumentos acima citados o fato da produção ser muito bem cuidada. A direção geral de Alexandre Avancini é impecável e, salvo um ou outro cenário ou situação, está muito próxima do nível apresentado pela Globo. Quase dois anos de férias para Avancini, que teve como último trabalho "Promessas de Amor", encerrada em agosto de 2009, lhe fizeram bem. O orçamento destinado pela Record também ajudou, afinal a emissora pretendia elevar os fracos índices de "Ribeirão do Tempo".

A qualidade de "Vidas em Jogo" chega a surpreender até mesmo as novelas da Globo pela ousadia de sua produção. Algumas das particularidades do folhetim da Record costumam ser reservados apenas aos filmes ou às minisséries e seriados. Entre essas particularidades está a imensa quantidade de externas e locações.

"Vidas em Jogo" tem externas na Barra da Tijuca e no Centro do Rio, onde sua história se passa. O apartamento de Regina, vilã interpretada por Beth Goulart, por exemplo, é, em partes, ambientado em uma residência de verdade. Além de todo o cenário estar em harmonia com a fachada do prédio, a varanda, usada constantemente pelos personagens, tem a praia da Barra como fundo. Algo similar ocorre com o trailer de cachorro quente de Ernesto, vivido por Leonardo Vieira. O comércio ocupa uma dos pontos mais movimentados do centro do Rio.

Deixando de lado a super produção e passando a analisar a história, nota-se que além de bem sustentada, reúne algumas tramas e situações que estão se tornando marca das obras de Cristianne Fridman. Há uma intenção da autora de mexer com o indivíduo, de falar sobre a amizade verdadeira, o companheirismo, o caráter e o individualismo.

Isso chegou a ficar em destaque em uma cena na qual um mendigo ajudava o personagem Carlos, de André di Mauro, com o dinheiro para que pudesse tomar um táxi e encontrar seus amigos na noite de reveillon e contar a todos que ganhou na loteria. Antes de emprestar o dinheiro, o mendigo fez todo um discurso que ficou guardado na memória do novo milionário. Cena similar foi ao ar em "Chamas da Vida", onde um mendigo, curiosamente interpretado por Tiago Santiago, autor de "Amor e Revolução", concorrente de "Vidas em Jogo", conversa sobre o mesmo assunto com o rebelde Antônio, de Dado Dolabella.

O elenco de "Vidas em Jogo", entre coincidências e preferências, também já estabelece uma preferência de quem Cristianne Fridman e Alexandre Avancini gostam de trabalhar.

A famosa "panelinha", tão conhecida na Globo, também está na Record. Cristianne, por exemplo, volta a trabalhar com Lucinha Lins, Letícia Colin e André di Mauro, todos vindos de grandes papeis de "Chamas da Vida". Amandha Lee também atuou em "Chamas da Vida", porém acumula "Bicho do Mato" como outro trabalho na parceria com a autora.

Já Alexandre Avancini volta a dirigir Cláudio Heinrich e Leonardo Vieira. Cláudio trabalhou com Avancini em "Coração de Estudante", "Uga Uga", "Prova de Amor" e na trilogia "Os Mutantes". Já a parceira de Leonardo com o diretor vem de longa data: já são cinco novelas, entre elas "Quatro por Quatro", de 1994, "Suave Veneno" e "Prova de Amor". Na Record, por sinal, desde que Leonardo Vieira foi contratado, todas as suas novelas foram dirigidas por Avancini.

Até então, o Ibope de "Vidas em Jogo" é baixo. Mas é necessário levar em conta que nos últimos dois anos a Record vinha apresentando um nível diferente de novela.

"Poder Paralelo" e "Ribeirão do Tempo", separadas por um pequeno intervalo, com "Bela, a Feia", tinham um roteiro mais refinado. A novela de Lauro César Muniz abordava a máfia enquanto o folhetim de Marcílio Moraes tratava da política e cuidava de ironizar e expor os representantes eleitos pelo povo com um realismo fantástico até então inédito na Record.

Nenhuma das duas tramas teve altos índices de audiência, porém cativaram um público que naturalmente não atende à proposta de "Vidas em Jogo". Já o público de "Vidas Opostas" e "Caminhos do Coração" ainda volta aos poucos à emissora após algum tempo afastado.

Fonte: André Luiz Batista, do Na Telinha

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