Uma mistura de "Bono Vox com Zezé di Camargo". É assim que Emílio Orciollo Netto define o visual de Neca, seu personagem em "Araguaia". Mas deixar o cabelo crescer, adotar costeletas e bigode foi a parte mais fácil na composição do novo papel. Para interpretar o artista de circo, o ator teve de fazer intensas aulas de malabares e trapézio. E demorou cerca de dois meses para aprender a jogar com três claves. "Eu me apresentava para o porteiro do meu prédio. Perguntava se estava bom e ele falava: 'Seu Emílio, ainda está muito ruim'", conta. Hoje, o ator se diz afiado na tarefa e até chegou a se apresentar no Circo Las Vegas, no Rio de Janeiro. "Quando voltei do Araguaia, me apresentei de novo para o porteiro. Ele ficou espantado com o resultado", revela.
Desde que estreou na TV --como o Giuseppe de "O Rei do Gado", em 1996--, Emílio era comumente visto na pele de italianos, caipiras ou papéis de época. Até hoje, inclusive, ele ainda é lembrado como o ingênuo Crispim, personagem que interpretou em "Alma Gêmea", em 2005. Por isso, há algum tempo o ator já buscava dar outro direcionamento na sua carreira. "Não faria 'Passione' agora, né? Deixa para fazer outro italiano daqui uns 10 ou 15 anos", conta. Na pele de um circense conquistador, o ator experimenta um tipo inédito. "É um personagem que me proporciona um trabalho psicológico e corporal. O Neca tem muitas nuances e é divertido", analisa.
Em 2006, você interpretou o Crispim de "Alma Gêmea". Quatro anos e cinco personagens depois, você ainda é lembrado como o caipira. Isso incomoda?
Não ligo mais. Passei da fase em que ficava feliz por estar sendo reconhecido. Também passei da fase de pensar "ai, não param de falar isso". É impressionante como as pessoas lembram do Crispim. Onde quer que eu vá, sempre escuto algo. Quando entro em um avião, sempre tem um engraçadinho lá trás que grita 'Miiiirrrna'. É um trabalho que vai ficar para o resto da vida. Espero que o Neca também seja mais um que fique no imaginário das pessoas.
O Neca é um artista de circo. Como você se preparou para compor esse personagem?
Estou nesse projeto desde maio fazendo aulas de malabares e trapézio na Escola Nacional de Circo. É muito técnico e físico. Tem de estar alongado e torcer para não se machucar. E é um trabalho de repetição. Às vezes dava vontade de jogar os malabares no mar (risos). Além disso, tem o lado da interpretação, por ele ser um personagem conquistador, um tipo que eu nunca tinha feito.
Você passou mais de um mês em Goiás, às margens do Rio Araguaia, gravando as primeiras cenas da novela. Como era a rotina das gravações?
Foram quase 40 dias. A gente acordava quatro e meia da manhã, para pegar o nascer do sol e ficávamos até o fim do dia para o entardecer. No caminho de volta para o hotel, estava exaurido. A gente trabalhava ao lado de jacaré, piranha, arraia... alguns animais inóspitos, com os quais consegui conviver numa boa. Não dá para descrever a beleza do lugar.
Sua carreira na TV ficou marcada por personagens cômicos. Você tem preferência por esse gênero?
Na verdade, acho que sou um ator dramático. Comecei no drama e, de certa forma, acabei direcionado para a comédia. O trabalho me levou para esse lado e eu segui. Fiz comédia e fui me divertindo. Tem alguns personagens que quero fazer que enveredam para o drama. Mas não ligo para o gênero. Acho que o importante é o personagem ter o que dizer.
Fonte: UOL TV
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