sábado, 18 de setembro de 2010

Especial - Os 60 anos da televisão brasileira



"Está no ar a televisão no Brasil". Foi assim, com essa frase, que no dia 18 de setembro de 1950 o Brasil conheceu o veículo que se tornaria, em longo prazo, o mais importante em todo o país. Hoje, segundo um levantamento do IBGE de 2008, a televisão está presente em 95, 1% dos domicílios brasileiros. Isso significa que, em questão de bens presentes na maioria das casas, a TV fica atrás apenas do fogão, que domina 98,2% dos lares.

Neste sábado a televisão brasileira comemora seus 60 anos de existência. Na estréia da TV Tupi, fundada por Assis Chateaubriand, Lolita Rodrigues cantou o “Hino da TV” e o veículo caiu nas graças do povo.


Graças à televisão, pudemos conhecer personalidades como Silvio Santos, Chico Anysio, Dercy Gonçalves e Hebe Camargo, a primeira mulher a apresentar um programa feminino no Brasil, na TV Paulista.


Para celebrar a grande data, uma festa no Memorial da América Latina, em São Paulo, promete reunir os pioneiros e os profissionais que fizeram história.


Figuras que construíram essas seis décadas, como Lima Duarte, Rolando Boldrin, Tony Ramos, Eva Wilma, Laura Cardoso, Lolita Rodrigues, Anysio e Hebe são esperados na festa chamada “Televisão 60 anos – O show”, organizada pela veterana atriz Vida Alves, presidente da Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira.






O programa “TV na Taba” foi o primeiro a ser transmitido pela TV Tupi. Naquela época, não existia o luxo do videotape, por isso toda a programação era feita ao vivo, no improviso. Logo em seguida o público pôde acompanhar o nascimento do primeiro telejornal, o “Imagens do Dia”, ainda com uma filmagem crua, de 30 minutos, dos acontecimentos da vida cotidiana, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mais tarde, foi televisionado o primeiro teleteatro, chamado “A Vida Por Um Fio”, com participação de Lima Duarte, Walter Forster, Lia de Aguiar, Dionísio Azevedo e Yara Lins.

Mãe das telenovelas, “Sua Vida Me Pertence” levou Vida Alves e Walter Forster para as casas dos poucos brasileiros que possuíam o aparelho televisivo para assistir ao primeiro beijo de uma novela. Ela se considera a inventora do famoso "beijo técnico". Apesar do choque na sociedade, a atriz garante que não sofreu nenhuma represália com o fato.


"Nessa época quase ninguém tinha televisão e a repercussão foi pequena", contou ao Famosidades.


Tantas boas lembranças fizeram nascer, em 1995, o Museu da Televisão, um projeto da Pró-TV - Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira, criada por Vida Alves. Lá, pode-se encontrar a primeira câmera como preciosidade, além de 10 mil fotos e 150 gravações de personalidades da TV que marcaram toda uma época.


Longe da televisão, Vida diz que a saudade foi responsável pela inauguração do Museu. “Eu estava dando aulas de comunicação e viajando pelo Brasil. Foi quando senti saudades, chamei alguns colegas e fundamos a Pró-TV”, declarou.



 
Entre os momentos mais marcantes desses 60 anos de cobertura televisiva no Brasil, como esquecer o famoso programa jornalístico “Repórter Esso”, trazido do rádio? E os grandes festivais e programas musicais, como a inesquecível “Jovem Guarda” e “Grandes Espetáculos União”, organizados por Paulinho de Machado Filho, falecido esta semana em São Paulo?

A chegada do homem à Lua, em julho de 1969, fez história, assim como a triste e chocante cobertura da Guerra do Vietnã. Em 1970, as cores encheram as telas dos aparelhos televisivos e os brasileiros puderam ver o balanço da camisa verde e amarela na emocionante Copa do Mundo do México.


Quem não se lembra de José Wilker e Lima Duarte na novela “Roque Santeiro”? Uma das novelas de maior audiência no país.


Para Vida Alves, que viveu esses 60 anos da televisão brasileira, é difícil dizer qual foi o momento mais marcante desses anos. “Posso dizer que foi a chegada do homem a Lua, mas seria injusto, pois existiram tantos outros. Os programas do Chacrinha, por exemplo, marcaram toda uma época”, disse ao Famosidades.



 


Vida tem razão. As frases e expressões ditas por Chacrinha caíram no gosto popular e logo não existia uma pessoa com televisão que não ouvisse “Teresinha!” sem lembrar do debochado apresentador e suas “chacretes”. Com certeza, muita gente já ouviu a frase “Eu vim pra confundir e não pra explicar” ou “Quem não se comunica, se trumbica!”, todas ditas por Chacrinha em seus programas. A televisão não só entretinha uma sociedade, mas criava moda e influenciava comportamentos.

Para Vida, é impossível falar de televisão sem citar alguns nomes como Cassiano Gabos Mendes, diretor artístico que deu os principais rumos para a televisão, além de Walter George Durst, responsável pela influência do cinema na televisão, Paulinho de Machado Filho, dos grandes festivais de música, e o time de novelistas composto por Dias Gomes, Janete Clair e Benedito Ruy Barbosa.






Falar da história da TV é citar, além dos programas jornalísticos como “Jornal Nacional”, e festivais musicais como “Festival de Música Popular Brasileira”, a influência das telenovelas na vida das pessoas.

Para Vida, o grande sucesso das telenovelas foi “Beto Rockfeller”, idealizada por Cassiano Gabos Mendes, em 1968, a primeira novela a usar a realidade como pano de fundo e apresentar o “anti-herói”, interpretado pelo ator Luiz Gustavo. Ela explica que esse é o segredo do sucesso das novelas: “Elas popularizaram-se por tratarem de assuntos do dia-a-dia, de uma forma clara e simples para atrair um número maior de pessoas”, disse.


A primeira cidade cenográfica foi construída para contar a história de “Irmãos Coragem”, vividos por Tarcísio Meira, Claudio Cavalcanti e Cláudio Marzo, em 1970, outra novela que abusava da linguagem coloquial para aproximar o público.


Outro sucessos inesquecíveis são “Escrava Isaura” (1976), a moda disco de “Dancing Day’s” (1978), “Guerra dos Sexos” (1983), “Vale Tudo” (1989), “Pantanal” (1990), “Éramos Seis” (1994) e “Xica da Silva” (1996).





Os programas de humor também marcaram época. Quem poderia se esquecer de “Os Trapalhões”, vivido por Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias? E de “A Grande Família”, “A Praça É Nossa” e até o mexicano “Chaves”? O sucesso foi tão grande que alguns foram adaptados e trazidos de volta, como é o caso das histórias de “A Grande Família”.

Quem nunca quis ser uma das paquitas ou paquitos da “rainha dos baixinhos” Xuxa Meneghel? Ou brincar de gangorra no programa da Mara Maravilha? Em 1983, todos cantavam com Simony e sua trupe de “Balão Mágico”.


Nessa incrível história da televisão brasileira, seria injusto não citar Fausto Silva e Gugu Liberato como os líderes do “povo” aos domingos.





Hoje, a televisão ganhou pluralidade com a chegada da TV fechada e da variedade de canais com diversos tipos de conteúdo. Com a a internet, já se discute as possibilidades de uma programação segmentada, a escolha do telespectador.

Na última quinta-feira (17), o Video Music Brasil 2010 ousou ensaiar como seria a televisão do futuro, na qual o telespectador poderia misturar conteúdo e disporia de mais opções de câmeras, ligadas a celulares e laptops. Deu certo. A interatividade com o público por meio da internet e dos aparelhos tecnológicos, fizeram do VMB um marco em questão de conteúdo.


A televisão tornou-se mais irreverente com a chegada de programas como “Pânico na TV”, “CQC” e “Legendários”. Nos dias atuais, questões antes nunca pensadas, como o beijo gay em rede nacional, geram debates na sociedade.


“Há vários países votando no casamento gay. Acho que o tal beijo não está longe de acontecer. E deveras, por que não?”, perguntou Vida Alves.


As novelas e os programas jogam para o espaço público questões como o aborto, a pedofilia, a violência doméstica e encorajam a população a desenvolver uma opinião.


Esses 60 maravilhosos anos de história da televisão brasileira deixam um gostinho de quero mais. Para os próximo anos, o que podemos esperar? O que vem por aí? Tratando-se de televisão, nada é impossível.


Fonte: Famosidades

Nenhum comentário:

Postar um comentário