quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Aguinaldo Silva lança site de entrevistas


A vida ‘virtual’ de Aguinaldo Silva é um espelho das atividades reais do escritor. Blog, Twitter, Facebook, ou onde mais haja espaço para manifestação na rede, lá está o texto do dramaturgo, que atravessa uma fase particularmente produtiva de sua carreira. Desde que sua última novela, Duas Caras, saiu do ar, em 2008, ele escreveu a minissérie Cinquentinha, supervisionou os textos das novelas Tempos Modernos, na Rede Globo, e Laços de Sangue, na emissora SIC, de Portugal, e já começou a trabalhar em seu próximo folhetim das oito, ‘Fina Estampa’, que irá ao ar no segundo semestre de 2011.

Desde segunda-feira, o público tem oportunidade de conhecer um pouco mais da carreira e da ‘cabeça’ do autor. Via internet, é claro. Aguinaldo Silva Digital - um site, basicamente - é um projeto pessoal, um resgate do início de sua carreira de repórter de alguns dos principais jornais do país, como Última Hora e O Globo. A experiência nas redações é, segundo ele, a base de sua criação. “Eu sempre digo que não sou novelista, estou novelista. O que sou mesmo é jornalista. As tramas de minhas novelas sempre nascem da leitura dos jornais. Por isso é que elas parecem tão reais”, diz, lembrando com orgulho suas origens.

A primeira tentativa de volta ao mundo das entrevistas foi com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que negou o pedido do autor. Aguinaldo recorreu, então, à protagonista de sua próxima trama para substituir o político. Vai inaugurar o site com um bate-papo com a atriz Lilia Cabral.  A ideia, no entanto, é variar. Nem só de famosos viverá o ‘divã virtual’ do escritor/repórter. E uma das promessas é uma entrevista bombástica: um garoto de programa que, segundo ele, frequenta as altas rodas da sociedade de São Paulo, do Rio e de Brasília.

Apesar de assumir o receio em pisar no espinhoso terreno da política: “Ando com muito medo de falar sobre política. Fico preocupado. Tenho até medo de um disquete com a minha declaração de imposto de renda seja posto à venda nos camelôs da Rua Barão de Itapetininga”, brinca, dando a pista de mais uma provocação que pretende fazer em seu site: uma enquete sobre quem mentiu mais na campanha eleitoral. O dramaturgo apresentou, em primeira mão, o novo projeto ao site de VEJA.


Do que você em mais saudades do tempo que trabalhava em jornais?
Do calor da hora. Da vantagem de tomar conhecimento da notícia no momento mesmo em que ela acontecia. Depois que deixei o jornalismo me tornei um leitor comum de jornais, aquele que só sabe da notícia quando lê o jornal, ou seja, depois do fato consumado. Isto sempre me deixou frustrado. Lembro até hoje do dia, na redação da Última Hora do Nordeste, em que o editor Múcio Borges da Fonseca recebeu um telefone e gritou para o resto da redação: “sensacional! Morreu Marilyn Monroe!” Tinha acabado de acontecer lá em Los Angeles e a gente já sabia.

Você vai entrevistar só artistas ou pretende variar?
A primeira entrevista que tentei foi com o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Até lhe mandei as perguntas. Ele respondeu se desculpando, disse que, por enquanto, preferia não dar entrevistas. Ou seja, vou entrevistar quem valha a pena, celebridade, personalidade, artista ou não. A primeira entrevista que publicarei será com Lília Cabral, que protagonizará ‘Fina Estampa’. Mas já tenho prontas várias outras, e algumas prometem bastante polêmica, como a que eu fiz com um michê que atua no eixo Brasília–Rio– São Paulo.

Você não tem medo de criticar novelas? Isso não pode causar mal-estar com outros novelistas?
A crítica de televisão do meu site será feita por uma velha jornalista minha quase inimiga – eu a convidei por causa de sua língua ferina – que assinará sob o pseudônimo de Meire Siqueira. Mas se me der na telha eu também faço crítica. Afinal de contas o direito de opinião é livre, não? Acho o mal-estar uma reação humana muito positiva. Os animais não são capazes de provocá-la entre si.

Acha que a migração para a internet é um fato consolidado para a televisão não perder público?
Com toda a certeza. Ou a televisão devora a internet, ou será devorada por ela. É um novo meio, uma nova mídia, uma prima não muito distante da nossa... E temos que fazer parte dela.

Você poderá mudar o destino das personagens de alguma trama sua de acordo com a aceitação ou não do público do seu site?
Do meu site, não. Mas do site da Rede Globo, sim.

Esta ingerência do público nos destinos das personagens de obras abertas é maior na internet. Isso incomoda de alguma forma?
Sou fã da internet, estou aqui e vou ficar. Acho que ela trouxe um bem enorme para a humanidade, entre outras coisas, porque acelerou de forma inimaginável o fluxo da informação. Na internet nada me chateia, nem mesmo os fakes.

O site terá anunciantes ou é um investimento pessoal para estabelecer mais um canal de diálogo com seu público?
Feitas as contas, eu poderia bancar o site se quisesse. Mas acho um ‘must’ contar com um patrocinador de grande prestígio. Estou conversando com dois deles, mas o que ofereço é exclusividade, só vou ter um anunciante, nada de ficar correndo atrás do varejo.

Você disse que por “má vontade” tinha demorado a ver Tropa de Elite 1, mas que adorou o filme. Já viu Tropa 2? o que achou?
Não sou muito fã do cinema brasileiro, acho que o que se faz aqui é televisão na tela grande. Já ‘Tropa de Elite 1’ é cinema puro. Não vi ‘Tropa 2’ porque não vou mais ao cinema, prefiro ver o DVD na tela grande aqui da minha casa. Mas estou curioso.

Quem é, afinal, o secreto galã de Fina Estampa?
Quem é? Ainda não é. Não é segredo que eu gostaria de ter Du Moscovis. Mas ficaria muito feliz se me dessem o Dalton Vigh.

Fonte: Veja

Nenhum comentário:

Postar um comentário