Uma mulher ousada e abusada, mas também
tímida e recatada. Digna, porém, desbocada. Uma mulher que caiu e se levantou
quantas vezes foram necessárias. Que amou, mas disse nunca ter sido apaixonada.
Uma guerreira incansável, que escondia das pessoas o seu romantismo e a sua
fragilidade. A atriz que, com improviso, liberdade, irreverência e bom humor,
em quase um século de trabalho, conquistou uma plateia fiel com apenas uma
preocupação: o público. Uma mãe que encontrou em sua filha a mais bela relação
que teve na vida. Seu nome? Dolores Gonçalves Costa (1907 – 2008) ou,
simplesmente, Dercy.
Na minissérie ‘Dercy De Verdade’, a autora
Maria Adelaide Amaral propõe revelar quem foi Dercy, aquela que o público
consagrou tanto quanto a que todos desconhecem. E destaca os motivos que a
impulsionaram a contar a história da artista e sua amiga pessoal: “Em primeiro
lugar, eu não queria que ela fosse esquecida. Segundo, eu não gostaria que ela
fosse lembrada como ‘aquela velha que só falava palavrão’.
Os amores de Dercy – Pascoal
Ao chegar em Santa Maria Madalena, Pascoal
(Fernando Eiras), galã da companhia Maria de Castro, não imaginava que
transformaria a vida de alguém. Ao vê-lo, Dolores Gonçalves (Heloísa Périssé)
decidiu chamar sua atenção e começou a cantar bem alto. Encantado, o ator foi cumprimentá-la
e, sem saber, disse a frase que mudaria tudo: “Você devia ser artista!”. Aquilo
era o que a jovem precisava ouvir. Dolores não pensou duas vezes, arrumou as
malas e embarcou no trem junto com o ator e a companhia. Pascoal levou um susto
quando a viu, mas ela estava certa de que precisava ir embora de Madalena.
Os planos quase foram por água abaixo quando
a polícia parou o trem na estação seguinte e eles foram levados para a
delegacia. Seu Manoel (Walter Breda) havia descoberto os planos da filha.
Pascoal insistia que mal conhecia Dolores. Ela dizia o contrário, que eles
haviam tido uma relação. Diante dos fatos, Manuel os deixa ir, mas diz que o
artista terá que cumprir com sua obrigação, ou seja, casar-se com a jovem.
E graças a Pascoal, Dolores encontrou o
teatro - e fez dele seu refúgio. Monta cenário, abre cortina. Desmonta cenário,
fecha cortina. Aplausos. E eles seguiam viajando. Juntos formavam a melhor
dupla: no teatro e na vida. E assim foi por muitos anos, até que os próximos
capítulos daquilo que chamamos vida, os separasse.
Fonte: Rede Globo
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