Nos últimos tempos, ouviu-se falar bastante
sobre a nova lei da TV paga, que obriga os canais a apresentar pelo menos três
horas de “conteúdo qualificado brasileiro”. Muita gente já leu sobre o assunto,
mas outras tantas não sabem bem o que isso significa. O que isso representou
para as produtoras brasileiras e para os canais? E em audiência, é vantajoso?
São perguntas que vamos tentar explicar nesta matéria especial.
Segundo a Ancine (Agência Nacional de
Cinema), essa nova lei foi discutida por cinco anos e visa “democratizar e
incentivar uma nova dinâmica para produção e circulação de conteúdos audiovisuais
produzidos no Brasil, de modo que mais brasileiros tenham acesso a esses
conteúdos”.
Para o assinante, de fato, só muda o
seguinte: cada vez mais, ele vê conteúdo nacional na TV paga. O problema é que,
como as programadoras não esperavam essa lei, no primeiro momento, o que
aumentou foram as reprises de filmes brasileiros, já que cada canal tem que
cumprir 3 horas e 30 minutos por semana de conteúdo qualificado, o que
colocando no papel, é a duração de dois filmes brasileiros de 1 hora e 45 minutos,
por exemplo.
Porém, os canais já estão se movimentando,
porque uma hora o estoque de filmes acaba e as reprises irritam. E a intenção
da Ancine, de fato, é estimular a produção independente, que segundo ela, não
tem “coligação com programadoras, empacotadoras, distribuidoras ou
concessionárias de serviço de radiodifusão de sons e imagens”.
O número de séries ou programas brasileiros
no horário nobre da TV paga aumentou em cerca de 40%. Hoje, no ar, temos séries
como “Vida de Estagiário” na Warner, “Brilhante F.C” na Nickelodeon e programas
como “Operação Policial” e “Desafio Pet” no NatGeo, “Investigação Criminal” na
A&E, e exibição de reprises de programas da TV aberta, como “Mulheres
Ricas” no TLC, “É Tudo Improviso” e “CQC” no TBS e “Polícia 24 Horas” no
A&E.
A produção aos poucos, vem ficando enorme. Uma
equipe de imprensa visitou a sede da Medialand em São Paulo, a única produtora
independente do país que produz apenas para a televisão.
No ano passado, o número de produções na
empresa era de cerca de 20. “Agora, são quase 40 séries no ar ou em produção”,
diz Beto Ribeiro, roteirista e produtor executivo. “Pra gente, não mudou muita
coisa. A única coisa que mudou foi a demanda de produções indo pro ar, o que é
normal”, acrescenta.
Já Carla Albuquerque, criadora e produtora
executiva da Medialand, contou qual é o desafio no momento: “É continuar com o
mesmo tesão, ter prazer em fazer produções com muita qualidade”.
Aliás, qualidade parece ser a premissa da
Medialand para fazer uma produção. Recentemente, a produtora fechou um acordo
de longo prazo com a emissora jovem PlayTV. Ela irá exibir seriados como “Os C
& D” e “Eu Odeio meu Chefe”, além do reality “Casting” (foto), que nada
mais é do que a escolha dos atores para estas duas séries.
“Eu disse para Carla para a gente gravar o
processo e transformar em programa, porque quando o 'Casting; acabar, o público
verá os atores para quem eles torceram em ação. Mas eu imaginava a gente
colocando uma câmera em um estúdio e pronto, não uma coisa grandiosa, no Teatro
Frei Caneca, como foi”, relatou Beto. Além disso, a Medialand virá com outras
coisas por aí. “Nós fechamos com um canal muito grande, uma coisa muito boa, eu
estou louco pra falar, mas não posso contar agora”, finaliza Carla.
Audiência
- Em termos de audiência, ainda não mudou muita coisa. Segundo dados
consolidados do Ibope, o líder na TV paga continua sendo o infantil Cartoon
Network, seguido do Discovery Kids. Dos canais de séries e filmes, o melhor
colocado é a Fox, que anuncia para o mês de outubro a estreia da série “Se Eu
Fosse Você”, com Paloma Duarte e Heitor Martinez, baseado no filme homônimo
protagonizado por Glória Pires e Tony Ramos.
Porém, deve-se relatar o crescimento do
NatGeo no horário nobre: o canal acrescentou em audiência cerca de 12%. Um dos
responsáveis por essa alta foi, justamente, as estreias de produções nacionais.
A conclusão é que o povo gosta de ver seus
conteúdos nacionais na tela, não há problema nenhum nisso. Mas o público é
exigente. A TV paga, com tal lei, só tem a crescer. E a produção nacional no
Brasil só tem a ganhar.
Fonte: Na Telinha
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