Psicóloga clínica, educadora sexual, comunicadora social e jornalista. Ponto alto no programa “Altas Horas” (Rede Globo), exibido nas madrugadas de sábado, Laura Muller fala sobre sexo aos jovens de maneira natural, educativa e sem moralismos.
Na noite de segunda-feira, 3, ela participou do debate “Relações afetivas na juventude”, na Livraria Cultura, em São Paulo, e concedeu-nos uma entrevista exclusiva. Aqui, Laura fala sobre os bastidores do programa, vida pessoal e dá dicas de como ter uma vida sexual saudável. Leia:
Há cinco anos respondendo perguntas dos jovens no “Altas Horas”, existem questões muito cabeludas que não vão ao ar?
Funciona assim: não combinamos nada e o que a plateia quiser perguntar, pergunta. Em geral vai tudo, do jeito que veio. É uma maneira de conseguir um raio-x das necessidades e dúvidas da população jovem. Vai tudo, até porque o Serginho gosta das saias-justas. Ele adora principalmente quando surge alguma pergunta que eu mesma ache engraçada. O programa é um espaço bacana para a educação sexual.
Quais são as dúvidas mais frequentes dos jovens?
Observo que os meninos estão muito preocupados com o pênis, tamanho, como funciona a ereção, a ejaculação, o esperma. Entre eles, tem uma dúvida clássica que é “beber esperma engrossa a voz?” (risos). Eles viajam um pouco nessa área... As meninas estão mais preocupadas com orgasmo, gravidez, como evitar, a pílula do dia seguinte e doenças sexualmente transmissíveis. O jovem está bem antenado e aposta em quatro áreas que a gente trabalha: afetividade, gravidez fora de hora, doenças sexualmente transmissíveis e limites.
Alguma pergunta cabeluda te deixou envergonhada de responder?
Quando as perguntas se direcionam à minha sexualidade tenho ainda mais cuidado para falar. Tenho que explicar, de um jeito que não fique chato, que a minha vida não vem ao caso. O auditório diz “ahhhh”. Mas respondo que estou ali como uma especialista falando de uma ciência que é a educação sexual. Então, independentemente se eu faço sexo ou como eu faço, isso não é o importante.
As pessoas confundem o seu trabalho com a vida particular?
Até confundem, mas faz parte. Às vezes estou no restaurante e vem alguém fazer uma perguntinha: “Já terminou de comer a pizza? Posso fazer uma perguntinha sobre sexo? (risos). Às vezes no banheiro, na rua. Mas é bacana, é uma amostra de que estamos fazendo um bom trabalho. No fundo eu acho legal.
E você está namorando?
Eu sou divorciada. Mas se estou com alguém, isso vai ficar no segredo (risos).
Posaria nua?
Ah, não cabe na minha profissão. De forma alguma. Nada contra quem faça, pois às vezes o ensaio faz parte da profissão de alguém. Mas na minha profissão não tem cabimento. Já cogitaram lá no passado, mas agora estou mais velhinha (risos).
Com tanto apelo erótico divulgado, quando o sexo é tabu?
O sexo é tabu na nossa cultura. É tabu no jovem, no adulto e na terceira idade. É tabu para conversar entre casal, para falar na escola, falar em casa, em um bate-papo entre pais e filhos. A gente também tem preconceito com a terceira idade: acha que vovô e vovó não fazem sexo. Então espaços como debates, palestras ou uma entrevista como esta, acaba ajudando a quebrar ou diminuir este tabu.
A atual geração passa horas visitando conteúdos eróticos na internet. O que pensa sobre este produto virtual na educação sexual do jovem?
Temos muita porcaria na internet, conteúdo ruim, conteúdo que remete à pedofilia. E pedofilia não pode, é crime. Nosso trabalho, tanto como educador, mídia, formador de opinião, é passar um olhar crítico. Afinal a internet também tem muita coisa boa. Há sites bacanas, eu mesma faço um site de sexualidade. O jovem precisa aprender onde vai se informar e lidar com a sexualidade. Porque se ele vai se meter em uma coisa de gente grande – afinal sexo é uma coisa de gente grande - então ele tem que ter atitude de gente grande.
Muitos artistas adentraram a indústria de filmes eróticos e muitos jovens se inspiram nessa carreira. O que poderia dizer a eles?
É uma área que carrega muito preconceito. Quem quer entrar, tem que pesar os prós e contras, pois não é tão simples assim. A gente vive em uma sociedade conservadora, preconceituosa, em que sexo é assunto tabu. Agora, cada um que guie a sua vida, as suas escolhas... Para quem assiste, pode ser um ingrediente a mais.
O que diria para as pessoas que desejam ter uma vida sexual saudável?
Eu diria que a palavra base da vida sexual é “respeito”. Seja para o jovem, para o empresário, na terceira idade. Respeito como? A si mesmo, aos seus limites, aos seus desejos, às suas possibilidades. E respeito com a pessoa que está ao lado, até onde ir com essa pessoa, os limites e os desejos dela. Respeito também com a sua vida e a vida do outro, usando preservativo. Sem dúvidas, a palavra chave do nosso tempo é “respeito”.
Quais são seus novos projetos?
Neste semestre vou lançar um livro sobre “Sexualidade no Mundo Empresarial”. Vai falar sobre as relações que se estabelecem dentro desse mundo: a possibilidade de manter contato sexual com colega de trabalho, de limites, assédio moral... E fala também do seu potencial de sedução – não necessariamente voltado às questões sexuais - e que isso é uma competência importante no mundo profissional. Aguardem...
Fonte: Yahoo
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