terça-feira, 24 de abril de 2012

Os clássicos da literatura que invadiram a telinha


23 de Abril é o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, data comemorativa instituída pela UNESCO em 1996, escolhida por ter sido o dia da morte dos escritores Miguel de Cervantes e William Shakespeare, no ano de 1616.

A Teledramaturgia Brasileira (a exemplo do cinema mundial) sempre bebeu da literatura, inesgotável fonte de inspiração para os novelistas. Jorge Amado foi o escritor mais adaptado para a televisão. O romance Gabriela Cravo e Canela rendeu uma das novelas mais marcantes da história da TV, adaptada por Walter George Durst em 1975, com Sônia Braga no papel-título. Para este ano de 2012, a Globo prepara uma nova adaptação do romance, escrita por Walcyr Carrasco, com Juliana Paes.

Além de Gabriela, Tieta do Agreste virou a novela Tieta (1989-1990), com Betty Faria, e Tereza Batista Cansada de Guerra, a minissérie Tereza Batista (1992) com Patrícia França. Dona Flor e Seus Dois Maridos foi um sucesso do cinema nacional em 1976, com Sônia Braga, e virou minissérie, em 1998, com Giulia Gam. Também Terras do Sem Fim (novela em 1981, baseada nos romances Terras do Sem Fim, Cacau e São Jorge dos Ilhéus), Tenda dos Milagres (minissérie em 1985), Capitães da Areia (minissérie em 1989), Tocaia Grande (novela em 1995-1996), Porto dos Milagres (novela em 2001, baseada nos romances Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos), e Pastores da Noite (série, em 2002).

Claudio Marzo e Norma Blum em "Senhora" de José de Alencar

Até 1975, o horário das 18 horas da Globo ainda não era uma tradicional faixa de novelas. Com o núcleo de dramaturgia comandado pelo diretor Herval Rossano a partir daquele ano, o horário das seis passou a apresentar novelas num projeto da emissora de adaptar obras da literatura brasileira. Entre 1975 e 1982 foi ao ar um total de vinte produções – a maioria de época. A ideia foi aplaudida pelo público e discutida nas escolas, que propunham aos alunos a leitura das obras adaptadas, seja para comparar com o original, ou para saber o desfecho delas – o que alavancou sensivelmente a venda dos livros adaptados. Foi nesse período que Benedito Ruy Barbosa e Manoel Carlos estrearam na Globo, enquanto Gilberto Braga teve grande destaque com suas adaptações literárias, sendo alçado em seguida ao horário nobre (às oito da noite).

Os maiores sucessos desta fase foram: Helena (de Machado de Assis), Senhora (de José de Alencar), A Moreninha (de Joaquim Manuel de Macedo), O Feijão e o Sonho (de Orígenes Lessa), Escrava Isaura (de Bernardo Guimarães), Dona Xepa (de Pedro Bloch), Maria Maria (baseada no romance Maria Dusá de Lindolfo Rocha), A Sucessora (de Carolina Nabuco), Cabocla (de Ribeiro Couto) e Ciranda de Pedra (de Lygia Fagundes Telles).

Curiosamente, até Nelson Rodrigues foi adaptado para o horário das seis: O Homem Proibido virou novela em 1982. Mas o resultado final pouco teve a ver com o livro do “Anjo Pornográfico”, já que o horário quase nada permitia da obra do autor. Nelson pôde ser mais bem aproveitado em outras produções, como nas minisséries Meu Destino É Pecar (1984) e Engraçadinha (1995), e na série A Vida Como Ela É (1996).

Alessandra Negrini e Paulo Betti em "Engraçadinha" de Nelson Rodrigues

Entre 1981 e 1982, a TV Cultura de São Paulo produziu uma série de 17 adaptações de obras da literatura brasileira, chamadas de Tele Romances, como Floradas na Serra (de Dinah Silveira de Queiroz), O Resto é Silêncio e Música ao Longe (de Érico Veríssimo), Casa de Pensão (de Aluísio Azevedo), O Coronel e o Lobisomem (de José Cândido de Carvalho), O Tronco do Ipê (de José de Alencar), Iaiá Garcia (de Machado de Assis), entre outros. A Cultura chegou a promover um concurso literário, incentivando o público a comparar as obras adaptadas com seus originais.

Érico Veríssimo foi outro escritor bastante adaptado para a TV. Além dos Tele Romances O Resto é Silêncio e Música ao Longe: a novela Olhai os Lírios do Campo (1980) e as minisséries O Tempo e o Vento (1985) e Incidente em Antares (1994).

A dramaturgia inspirada na literatura movimenta as livrarias. Um livro, quando adaptado para a TV, tem um aumento siginificativo em suas vendas. O romance A Casa das Sete Mulheres, de Letícia Wierzchowski, havia vendido menos de 13 mil exemplares até ser transformando em minissérie (em 2003), quando ultrapassou os 30 mil em apenas três semanas. A adaptação que Manoel Carlos fez do romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha, – a novela Maria Maria (1978) – tirou o autor e sua principal obra do ostracismo em que se achavam desde o início do século passado.

A Teledramaturgia também tem o mérito de divulgar a literatura brasileira no exterior. A sucesso mundial da novela Escrava Isaura tornou o romance de Bernardo Guimarães conhecido no mundo todo.

Tarcísio Meira em "O Tempo e o Vento" de Érico Veríssimo

O romance Senhora, de José de Alencar, foi um dos mais adaptados para a televisão. Nos tempos da TV ao vivo, e quando a telenovela ainda não era diária, a história foi apresentada pelo menos quatro vezes, por emissoras diferentes. Entre 1971 e 1972, a Tupi produziu uma versão contemporânea: O Preço de um Homem. Na Globo, em 1975, Gilberto Braga foi fiel ao livro, na versão com Norma Blum. Na Record, em 2005, a novela Essas Mulheres apresentou uma nova adaptação de Senhora, somada a dois outros livros de José de Alencar: Lucíola e Diva.

  "Éramos Seis" de Maria José Dupré

A Moreninha, romance de Joaquim Manuel de Macedo, também já teve várias adaptações para a TV: três vezes quando as novelas não eram diárias; em 1965, pela Globo, com Marília Pêra; e em 1975, novamente na Globo, com Nívea Maria. Helena, de Machado de Assis: três vezes quando as novelas não eram diárias; em 1975, pela Globo, com Lúcia Alves; e em 1987, na Manchete, com Luciana Braga.

O Sítio do Picapau Amarelo, da obra de Monteiro Lobato, já teve cinco produções diferentes: pela Tupi, de 1952 a 1962; pela Cultura, em 1964; pela Bandeirantes, em 1967; pela Globo, de 1977 a 1986; e novamente na Globo, de 2001 a 2007.

O romance Éramos Seis, de Maria José Dupré, teve quatro versões para a TV: na Record em 1958, com Gessy Fonseca; na Tupi em 1967, com Cleyde Yáconis; de novo na Tupi, em 1977, com Nicette Bruno; e no SBT em 1994, com Irene Ravache.

O best-seller O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, foi produzido para a televisão três vezes: em 1970, por Ivani Ribeiro, para a Tupi; em 1980, na Bandeirantes, num remake da novela da Tupi, de Ivani Ribeiro; e novamente na Band, em 1998-1999, numa nova adaptação, de Ana Maria Moretzsohn.

Estes são alguns dos escritores e livros mais adaptados para a televisão. Tomar um romance e transformá-lo em novela ou minissérie, não é uma tarefa fácil. Às vezes o livro não rende um produto para a TV e o adaptador precisa mudar muita coisa. Outras vezes, ele apenas se baseia no mote central do livro, e cria uma nova história, que ao final, pouco tem a ver com o que está na obra original. Afinal, as obras literárias servem de inspiração para novas histórias e ajustes devem ser feitos, já que a televisão é um veículo muito diferente do livro em si.

Fonte: UOL

2 comentários:

  1. gostaria de ver fotos da telenovela que foi exibida na tv cultura iaia garcia meu filho participou na época ele tinha tres anos hoje esta com trinta e cinco se for possivél agradeço.

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  2. GOSTARIA MUITO QUE SE A TV CULTURA TIVER EM SEUS ARQUIVOS OS TELECONTOS IÁ IÁ GARCIA,O TRONCO DO IPÊ, FLORADAS DA SERRA E A MENINA NO FUNDO DO OLHO QUE LANÇA-SE ESTAS OBRAS EM DVDS !

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