Os mais atentos e detalhistas – como o
@davidlobao – já haviam notado. Mas teria passado despercebido aos demais não
fosse uma entrevista da atriz Neuza Borges ao jornal Agora nesta terça-feira
(13/11): sua personagem na novela Salve Jorge – a fofoqueira Diva – é a mesma
de outra trama de Glória Perez: América, de 2005.
A caracterização é igual, com a mesma peruca.
Veja a descrição da Diva de América:
“Mulher fofoqueira que se ocupa de vigiar a
vida dos vizinhos. É mãe de Feitosa (Aílton Graça) e vive se metendo na vida do
filho, principalmente no que diz respeito às relações amorosas.”
E a descrição da Diva de Salve Jorge:
“Mulher de Clóvis (Walter Breda), toca com
ele um bar. Ciumenta e mandona. Abelhuda, vive se metendo em confusão com os
vizinhos.”
Detalhe: Walter Breda – que vive Clóvis,
marido da Diva de Salve Jorge – também havia atuado em América, como Seu Gomes,
vizinho de Diva. O filho de Seu Gomes era Farinha (Mussunzinho). E Mussunzinho
está agora em Salve Jorge, desta vez vivendo o neto de Walter Breda, agora
casado com Diva, logo, ela, a avó de Mussunzinho.
Relembre outros casos de mesmo personagem em
mais de uma novela
Esta não é a primeira vez que um mesmo
personagem aparece em mais de uma novela. O caso mais célebre foi o de Dona
Armênia e seus “três filhinhas” (Aracy Balabanian, Marcello Novaes, Gerson
Brenner e Jandir Ferrari), que surgiram em Rainha da Sucata (1990), de Silvio
de Abreu, e retornaram na novela seguinte do autor, Deus Nos Acuda (1992-1993).
Jamanta não morreu! - Silvio de Abreu
promoveu outro retorno que ficou famoso: o abobalhado Jamanta (Cacá Carvalho)
de Torre de Babel (1998) voltou à cena em Belíssima (2005-2006). O próprio
Silvio, quando era ator, viveu um mesmo personagem em duas novelas de Walter
Negrão: ele foi o Subdelegado Damasceno em A Próxima Atração (1971-1972) e
Editora Mayo, Bom Dia (1971).
Walter Negrão voltaria a usar o recurso com o
personagem Manjubinha, um simplório pescador, vivido pelo ator Paco Sanches,
que apareceu em duas novelas do autor: Tropicaliente (1994) e Como uma Onda (2004-2005).
Existem também aqueles casos em que os
personagens voltam apenas para uma participação especial em outra novela. Mary
Montilla, personagem de Carmem Verônica em Belíssima (2005-2006), de Silvio de
Abreu, fez uma rápida aparição em Paraíso Tropical (2007), de Gilberto Braga e
Ricardo Linhares.
Lima Duarte viveu Murilo Pontes em Pedra
Sobre Pedra (1992), de Aguinaldo Silva, e surgiu rapidamente, com o mesmo
personagem, em A Indomada (1998), do mesmo autor. Também de Aguinaldo, vimos o
Senador Victório Vianna (Lima Duarte) aparecer em Porto dos Milagres (2001) e
Senhora do Destino (2004-2005), e o Deputado Pitágoras em A Indomada e Porto
dos Milagres.
Lauro César Muniz trouxe de volta a
personagem Anabela Freire – Ney Latorraca em Um Sonho a Mais (1985) – para
participar na novela Zazá (1997). O personagem de Ney em Zazá se traveste de
Anabela, fazendo o ator reviver sua antiga personagem.
Também a atriz Néa Simões, que apareceu em um
capítulo da novela Nino, o Italianinho (1969-1970) vivendo a mesma personagem
que havia feito na novela anterior de Geraldo Vietri, Antônio Maria
(1968-1969).
Como dá para perceber, esta é uma prática
comum e antiga em nossa Teledramaturgia. Nem vou citar os exemplos dentro do
remake de Ti-ti-ti (2010), em que a autora Maria Adelaide Amaral promoveu o
retorno de vários personagens de sucesso de antigas novelas de Cassiano Gabus
Mendes.
A própria Glória Perez já havia trazido
antigos personagens em novas tramas, apenas para participações. A espalhafatosa
Sulamita – Marilu Bueno em Partido Alto (1984) – reapareceu em Barriga de
Aluguel (1990-1991). E a dupla de médicos Dr. Molina e Miss Penélope Brown –
Mário Lago e Beatriz Segall em Barriga de Aluguel – voltavam à televisão para
discutir clonagem humana em O Clone (2001-2002).
Fonte: Maurício Stycer, do UOL
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