quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tiago Santiago fala de “Amor e Revolução”



Tiago Santiago reergueu o núcleo de dramaturgia da Record com “Prova de Amor”, em 2005, inseriu mutantes e efeitos especiais (alguns de qualidade bem discutível, é verdade) numa novela brasileira e ganhou a missão de levar os folhetins do SBT aos dígitos. Desde ontem, como a estreia de “Amor e Revolução”, o autor enfrenta seu maior desafio na emissora de Silvio Santos: mostrar pela primeira vez uma novela ambientada no período da ditadura. E mais: ser o responsável pelo primeiro beijo gay numa trama brasileira (vamos combinar, os selinhos que a Globo exibiu até hoje não contam muito) e mostrar duras cenas de tortura. Algumas, inclusive, chegaram a vazar na internet, como noticiado à época. Simpático e ansioso com o novo trabalho, Tiago arranjou uma brecha na agenda e concedeu a seguinte entrevista.

Deu friozinho na barriga antes da estreia?
Estou muito ansioso, mas acredito que as pessoas vão ver, sim, a novela. Ela está sendo muito comentada, bem divulgada, esteve nos principais jornais do país no fim de semana. Acho que está despertando um interesse muito grande.

Esta é a primeira vez que uma novela será ambientada de cabo a rabo no período da ditadura. Pretende mostrar também os tempos de abertura, o movimento pelas Diretas? Aliás, preocupa-se que os espectadores queiram ver a trama somente pelas tão alardeadas cenas de tortura?
O plano inicial é ir de 1964 até a guerrilha do Araguaia no começo dos anos 70. Mas é possível que eu faça um epílogo com a redemocratização do país, sim. Quanto a questão da tortura, as cenas de romance e amor estão presentes desde o começo, não acho que queiram assistir a novela somente por isso.

Qual sua reação ao descobrir que algumas das cenas de tortura vazaram na internet antes da estreia?
Fiquei muito preocupado. Mas depois relaxei quando vi que a reação de quem assistiu às sequências foi positiva em sua grande maioria. Mas fiquei muito tenso.

Além de ambientar pela primeira vez uma novela na ditadura, você também será o primeiro autor a bancar um beijo gay numa novela. Acha que há o risco de a cena não ir ao ar como aconteceu na Globo, em “América” (2005)?
Já tem uma sequência escrita entre Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Gisele Tigre) em que isso ocorre. Esta cena, aliás, já foi gravada e deve, sim, ser exibida. Vamos ver qual vai ser a repercussão. Acho que é uma boa chance de fazer um teste, ver como as pessoas reagirão. A sequência gira em torno de uma mulher homossexual que é apaixonada pela outra, que é heterossexual. Ocorrerá um beijo num momento de fragilidade e carência mas que não evolui para um relacionamento. Pelo menos não num primeiro momento.

Não acha que o SBT pode mudar de ideia e não exibir a cena?
Não, porque o horário permite. Essa cena deve ir ao ar bem tarde, por volta das 23h30, no fim de um capítulo. Não creio que haverá uma repercussão tão difícil a ela. Mas isso só vai ao ar mais para frente, no segundo mês da novela. Foi tudo gravado de uma maneira muito bonita e delicada, a cena está longe de ser ofensiva.

Mutantes, ditadura, beijo gay. Parece haver uma constante busca por ineditismo em seus trabalhos, quase como se você procurasse se superar.
É isso mesmo. Passo um tempão pensando num tema impactante e forte a cada novela, algo que seja novo. Fico mesmo tentando me superar. (risos).

Está arrependido de ter trocado a Record pelo SBT?
Não me arrependo em absoluto. O SBT tem me dado ótimas condições de trabalho e estou felicíssimo de estar na TV mais feliz do Brasil.

Fonte: IG Gente

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