terça-feira, 12 de julho de 2011

Especial: a volta de "O Astro" 30 anos depois


Estreia na Globo na noite desta terça-feira (12), logo após "Tapas & Beijos", "O Astro". Adaptação de um sucesso de Janete Clair, que acumula também outros grandes trabalhos, o folhetim está de volta em um remake após mais de trinta anos.

"O Astro" ganha um ar mais moderno, contemporâneo e passa a contar com as modernidades que a estrutura de hoje concede. A transmissão em HD e a restrição dos 185 capítulos originais a aproximadamente 60 são só algumas das diferenças que as três décadas geraram para a dramaturgia. Entretanto, apesar das mudanças, "O Astro" promete manter a sua essência, a qual já era considerada moderna para sua época e que fez com que uma adaptação em um nobre horário da Globo fosse justificada.

Autoria

A nova versão de "O Astro" está sendo escrita por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro. Alcides teve como último trabalho a novela "Ciranda de Pedra" e Geraldo esteve à frente de "Faça Sua História" com o auxílio de João Ubaldo Ribeiro. A direção foi encarregada a Mauro Mendonça Filho, responsável por projetos como "Negócio da China" e "Toma Lá Dá Cá" em parceria com Miguel Falabella.

Já a versão original de "O Astro" foi escrita por Janete Clair e dirigida por Daniel Filho e Gonzaga Blota.

Janete Clair começou a escrever na década de 50 após incentivo de seu esposo Dias Gomes, que já era roteirista. À época, as radionovelas ainda estavam em evidência. Janete emplacou novelas na extinta TV Tupi, porém, sua carreira teve como apogeu na Globo, onde escreveu as bem sucedidas "Irmãos Coragem", "Selva de Pedra", "Pecado Capital" e a própria " O Astro".


A aceitação do público às novelas da autora era tamanha que ela foi a única a conquistar os 100 pontos de audiência. Janete Clair morreu em 1983 vítima de um câncer. Ela deixou três filhos - o quarto morreu ainda na infância - e netos, como a também roteirista Renata Dias Gomes, hoje no SBT como colaboradora de "Amor e Revolução".

Renata respondeu algumas perguntas referentes à versão de 2011 de "O Astro". Confira:

Como é poder acompanhar, depois de mais de trinta anos, o remake de O Astro? Acredita que a história ainda é pertinente, mesmo diante de tantas mudanças na sociedade? Os textos são modernos a ponto de sobreviverem por tanto tempo?
Estou ansiosa pela estreia. Como não vivi o tempo que minha avó era a Nossa Senhora das Oito e mandava praticamente sozinha no horário nobre, é sempre emocionante ver o nome dela numa abertura. Os grandes clássicos costumam ser atemporais. "Ladrões de Bicicleta" e "Cidadão Kane" podem não representar a sociedade atual, mas nunca deixarão de ser grandes filmes. E a história de "O Astro" está sendo adaptada com muito cuidado e carinho pelo Alcides Nogueira que com certeza vai manter a essência e atualizar o que for necessário pra que a história tenha um impacto parecido com o que teve a versão original.

"Vende-se um Véu de Noiva", exibida pelo SBT, e agora "O Astro", na Globo, são duas produções de Janete Clair readaptadas em um intervalo de três anos. Há uma crise de boas histórias para que haja recorrência aos remakes de Janete?
No teatro bons textos são sempre remontados e revisitados. Acho importante que se produza teledramaturgia nacional e somos craques nisso. Na TV há ótimas histórias acontecendo, mas há espaço também pra revisitar grandes autores como a minha avó, a Ivani, um gênio como Cassiano.

Como avalia a escalação da Globo para a produção de "O Astro"? Alcides e Geraldo, assim como os colaboradores Tarcisio Lara e Vitor Oliveira, terão êxito em manter a essência da história e ao mesmo tempo torná-la interessante para o telespectador mais exigente de 2011?
Conversei por e-mail algumas vezes com Alcides e tive certeza que a obra da minha vó está em ótimas mãos! A paixão e o respeito que ele fala sobre ela me ganharam de cara. Tenho certeza que os autores vão saber respeitar a história e a carpintaria de Janete Clair adaptando a história pro formato e o ritmo que a nova produção exige.

Elo

Um elo une as duas versões de "O Astro". Mesmo com um longo espaço de tempo separando-as, a primeira e a segunda versão contam com a participação de Daniel Filho. Em 1977, Daniel compartilhou com Gonzaga Blota a direção geral do folhetim. Já agora, em 2011, o profissional passa para a frente das telinhas como Salomão Hayala.

História

"O Astro" conta a história de Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi), um trambriqueiro que vive às custas de golpes. Ele tenta tirar vantagem em cima da população de uma cidade pequena porém seu parceiro Neco (Humberto Martins) é mais rápido e lhe passa para trás fugindo com a pequena fortuna. Herculano é preso e, durante o período em que está recluso, aprende sobre ilusionismo com o misterioso Ferragus (Francisco Cuoco). Este, por sinal, viveu Herculano na versão original de "O Astro".


Quando deixa a prisão, Herculano começa a se apresentar no Rio como ilusionista. Ele também reencontra Neco e se apaixona por Amanda (Carolina Ferraz). Entretanto, sua vida cruza com a de Salomão Hayala (Daniel Filho). A ligação entre os dois surge após uma fuga de Márcio (Thiago Fragoso), filho de Salomão e que insiste em não dar continuidade aos negócios do pai à frente de uma rede de supermercados. Rebelde, o jovem começa a se envolver com Herculano.


Salomão Hayala vive um casamento de aparências com Clô (Regina Duarte) e não se entende bem com seu filho. O empresário volta a se apaixonar quando conhece Lili (Alinne Moraes), que demonstra sinceridade e dispensa o interesse que Salomão costuma lidar com outras pessoas, entre elas, seus irmãos.

A morte de Salomão Hayala marca uma movimentação ainda maior na trama. Márcio finalmente assume a presidência e junto com o seu crescimento, também leva o perigoso Herculano aos cargos mais altos da diretoria. Uma paixão entre Márcio e Lili começa a aflorar e em paralelo, a investigação do assassinato de Salomão começa a ganhar traços definitivos e Clô passa a se envolver com Felipe, um rapaz que tem idade para ser seu filho.

Repercussão


A morte de Salomão Hayala, vivido por Dionísio Azevedo e agora sob os cuidados de Daniel Filho, gerou imensa repercussão no final da década de 70. O mistério era inédito até então e envolveu todo o Brasil durante cinco meses, os quais correspondiam a mais da metade de toda a novela.

Em seu Twitter, Renata Dias Gomes recentemente descreveu uma situação curiosa. A roteirista contou que seu avô Dias Gomes constantemente se apresentava ao DOPS (Departamento de Ordem Política Social) para explicar possíveis atos de subversão em seus textos. Em uma das tais visitas, o autor, após se defender, foi liberado por um dos militares, que aproveitou e perguntou quem havia matado Salomão.

Outra situação curiosa houve diante do general Ernesto Geisel, presidente do Brasil durante o tempo em que "O Astro" estava no ar, e o autor Carlos Drummond de Andrade. Geisel perguntou de quem era a autoria do assassinato de Hayala a Daniel Filho. O assunto era tratado como segredo de estado. Por fim, assim que o capítulo final foi exibido, Drummond, em sua coluna no Jornal do Brasil, disparou: "Agora que O Astro terminou, vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando".

Na reta final de "O Astro", foi constatado que o assassino de Salomão era Felipe Cerqueira. O papel foi interpretado por Edwin Luisi e que será defendido dessa vez por Henri Castelli. Esse, assim como o Álvaro de "Escrava Isaura", foram um dos papeis mais importantes de Luisi, que hoje está na novela "Rebelde", da Record, como o italiano Genaro.

Apesar do desfecho de "O Astro" já ser conhecido, os autores dessa nova versão, Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, já afirmaram que o assassino será mudado.

Elenco
Rodrigo Lombardi - Herculano Quintanilha
Daniel Filho - Salomão Hayala

Com:
Carolina Ferraz - Amanda
Alinne Moraes - Lili
Thiago Fragoso - Márcio
Henri Castelli - Felipe
Rosamaria Murtinho - Magda
Tato Gabus Mendes  - Amin
Guilhermina Guinle - Beatriz
Antonio Calloni - Natal
Carolina Kasting - Jamile
Marco Ricca - Samir
Bel Kutner - Silvia
José Rubens Chachá - Youssef
Vera Zimmermann - Nádia
Ellen Roche - Valéria
Mila Moreira - Miriam
Fernanda Rodrigues - Joselina
Tuna Dwek - Nilza
Regina Duarte como Clô Hayala
Humberto Martins como Neco
Reginaldo Faria como Adolfo

Fonte: Na Telinha

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