A atual pedra no sapato da Globo atende pelo
nome de "Além do Horizonte". A novela das sete estreou há um mês e
chegou a marcar apenas 14,6 pontos na última quarta-feira (04/12), segundo
dados consolidados do Ibope. Audiência extremamente preocupante para a maior
emissora do País.
Até o momento, a média geral é de 19,5 pontos
- o esperado para o horário gira em torno dos 30 (cada vez mais difíceis de
atingir, após o fenômeno "Cheias de Charme", em 2012). Parodiando o
título da trama de estreia de Carlos Gregório e Marcos Bernstein como
titulares, "Além do Horizonte" podem existir várias coisas, menos o
sucesso. Pelo menos por enquanto.
A trama aposta no mistério, mas para explicar
a rejeição do público não tem muito segredo. Não que experimentações não sejam
bem-vindas na faixa das 19h00, mas ficou provado que, na maioria dos casos, o
público do horário não aprova muito o que foge da mistura de romance e comédia.
Basta lembrar de "Tempos Modernos" (2010), "Bang Bang"
(2005/06) e "Olho no Olho" (1993/94), só pra citar alguns exemplos.
Não é de hoje que a emissora vem tentando
rejuvenescer a audiência do horário. Foi feliz com a antecessora "Sangue
Bom", que apostou - inclusive - num time de jovens protagonistas (Marcos
Pigossi, Sophie Charlotte, Fernanda Vasconcelos, Jayme Matarazzo, Isabelle
Drummond e Humberto Carrão).
"Além do Horizonte" também investe
em novos talentos, mas os diretores não deram a mesma sorte na escalação dos
protagonistas. Juliana Paiva, a Lili, é um acerto, mas os demais não têm força
para "puxar" um elenco.
Rodrigo Simas e Christiana Ubach não geram
empatia nos papéis de Marlon e Paulinha, respectivamente. O jovem Vinícius
Tardio (Rafa) tampouco disse a que veio. Sem contar que as cenas do rapaz com
Cássio Gabus Mendes (Jorge) costumam ser sombrias e distantes.
Nessa mistura de "Malhação" com
"Lost", a coisa está tão perdida e o ar tão nebuloso que o
telespectador não consegue identificar quem é quem ou entender a história. Com
muitos nomes desconhecidos do grande público, também fica difícil gerar
identificação.
Se a falta de entrosamento salta aos olhos
diante da atuação de alguns, a proposta inicial é o grande empecilho. O
desaparecimento de pessoas que partiram em busca da felicidade, deixando pistas
para que seus familiares explorem um mundo novo, se mostrou uma grande
"viagem" (e com cara de cópia).
Para piorar, a história vem sendo contada com
muitos códigos e o telespectador - sempre digo - gosta de ser cúmplice, nem que
seja o mínimo. Não dá pra assimilar a proposta direito: das razões dos
desaparecidos às motivações dos que querem encontrá-los.
Sem esquecer do mistério da "Besta"
na fictícia Tapiré, na região amazônica, e o que está por trás do personagem
Kleber (Marcello Novaes), até aqui pouco empolgante. Outro alerta: algumas
caracterizações estão equivocadas e atores com interpretações arrastadas.
Isso denota falha no "casamento"
entre ideia (que talvez funcionasse numa minissérie) e concepção. Ainda que os
autores tenham potencial, passa longe o clima de aventura que imaginaram
desenvolver. A direção geral de Gustavo Fernandez tem pontos positivos capazes
de reverter isso.
Embora não contem com nenhum figurão à frente
do elenco adulto (o que atrai público), os autores falharam em não destacar os
atores que tinham em mãos desde o início: Antonio Calloni (LC); Alexandre Nero
(Hermes); Maria Luísa Mendonça (Inês); Sheron Menezes (Keila); e Caco Ciocler
(André). Outros, que poderiam funcionar como chamarizes (mas mal vimos nem nas
chamadas de estreia da novela), demoraram para entrar em cena. Claudia Jimenez
(Zélia) é um exemplo. E onde está a grande vilã de Carolina Ferraz? Sua
personagem, Tereza, precisa de mais apelo.
Do jeito que as coisas vão, a saída será
antecipar a solução dos mistérios e começar uma nova história, provando que a
felicidade pode não morar tão longe. O romance entre William (Thiago Rodrigues)
e Lili tem tudo para decolar, mas o contraponto - Marcelo (Igor Angelkorte) -
não convence. Apostar na dobradinha Flávia Alessandra (Heloísa) e Thomaz
(Alexandre Borges), os colocando na linha de frente, é uma tendência.
Mas há gente boa que ainda pode render em
cena. O pequeno Nilson (JP Rufino) é um achado. Laila Zaid (Priscila) e Rômulo
Estrela (Álvaro), que estavam na Record, merecem ser melhor explorados. As
investidas românticas mal sucedidas de Julia (Marcella Valente) podem gerar
empatia, se ganharem destaque.
Em Tapiré, a atmosfera sinistra e os crimes
que assustam o vilarejo podem dar lugar à comédia, focada nas relações entre os
moradores. Os gêmeos João José (Diego Homci) e José João (Tiago Homci) seriam
boas opções nesse sentido. A Celina, de Mariana Rios, já tem um perfil de
heroína e a relação dela com Kleber pede novos conflitos, ganhando assim outros
contornos.
Enfim, personagens pedem novas tramas e a
trama pede leveza. E, claro, ritmo!
Fonte: Yahoo
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