A Globo foi muito feliz na escolha de seu
especial de fim de ano exibido nesta quarta (18/12). Não apenas pelo texto,
"Alexandre e Outros Heróis", mas pela escalação do elenco, com Ney
Latorraca à frente.
Um ano depois de receber alta de uma longa
internação para superar uma infecção generalizada grave - que teve após dar
entrada no hospital para uma cirurgia de vesícula -, o ator arrasou na pele de
um típico Dom Quixote brasileiro. Ney, que passou a maior parte do tempo
inconsciente e acreditava que não sairia dessa, não só deu a volta por cima
como provou que estava fazendo falta.
Nesse retorno à TV, o protagonista de
sucessos como "Rabo de Saia" (1984) e "Um Sonho a Mais"
(1985) foi beneficiado por um jogo cênico de primeira. O universo do diretor
Luiz Fernando Carvalho saltava na tela, por meio da fotografia, da iluminação e
das paisagens, mas o elenco "bateu um bolão". Todos pareciam brincar
em cena.
Luci Pereira, a empregada com voz estridente
de dona Helô (Giovanna Antonelli), em "Salve Jorge", teve desempenho
marcante como Cesária, mulher de Alexandre. Flávio Bauraqui se esmerou na
composição do cego Firmino, muito convincente (assim como o "olho
torto" de Ney). Marcelo Serrado (Libório) e Marcélia Cartaxo (Das Dores),
também nos brindaram com interpretações inspiradas, assim como Flávio Rocha
(Gaudêncio).
Sem contar que esse clima de fantasia e
regionalidade estava fazendo falta em nossa dramaturgia de TV. Até deu saudade
do realismo fantástico das novelas de Dias Gomes (1922-1999) - como "O Bem
Amado" (1973), "Saramandaia" (1976) e "Roque Santeiro"
(1985/86) - e de quando Aguinaldo Silva apostava no gênero, em produções como
"Tieta" (1989) e "Pedra Sobre Pedra" (1992). Além de
minisséries na mesma linha, claro, como "O Auto da Compadecida"
(1999).
Gravado do no sertão alagoano,
"Alexandre e Outros Heróis" foi uma homenagem aos 60 anos de morte de
escritor Graciliano Ramos. A adaptação de dois contos do escritor - "O
olho torto de Alexandre" e "A morte de Alexandre" - coube a Luís
Alberto de Abreu, premiado autor de teatro, adepto aos épicos regionais.
Típico mentiroso do sertão, o velho Alexandre
se exalta quando duvidam que ele ficou com o olho torto ao domar uma onça
quando menino. Essa história cheia de encantamento e folclore brasileiro,
lúdica e cômica, veio fechar o ano em grande estilo. E com um elenco que tomou
conta. Deu gosto de ver!
Fonte: Yahoo
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