quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Apesar dos pesares "A Fazenda 3" foi melhor


No esforço de resumir quem chegou ao final do programa, Britto Jr. apresentou Daniel Bueno como “o galã da Fazenda”, Lizzi Benites como uma candidata que “juntou beleza e garra” e Sergio Abreu como aquele que “encarou tudo com uma determinação às vezes confundida com frieza”.

O resumo mostra que a terceira temporada terminou mal, num total anticlímax, com uma disputa entre figuras de pouca ou nenhuma expressão. Ainda assim, foi muito melhor que as duas primeiras temporadas, vencidas por atores do elenco da própria Record. 

O diretor Rodrigo Carelli e sua equipe conseguiram resolver vários dos problemas e deram uma nova cara ao programa. O público, porém, deu claros sinais de que não aprovou a mudança mais notável, o elenco do reality. Abaixo, um balanço da “Fazenda 3”:

O que deu certo

“Casting”: Foi, de longe, o elenco mais diversificado e divertido, além de não contar com atores da própria Record, o que conferiu mais credibilidade ao programa. 

Surpresa: A estreia um dia antes do previsto pegou os participantes de calças curtas e estabeleceu o ritmo inicial do reality.

Rivalidade: Na cola do “BBB”, que já havia adotado procedimento semelhante, foi bem-sucedida a proposta de dividir os peões em grupos para estimular disputas e brigas.

Agilidade: O programa ganhou muito ao parar de mostrar os peões andando para cima e para baixo em dia de formação de roça e de eliminação.

Relógio: Em respeito ao espectador, que nunca sabia direito a que horas começaria a “Fazenda”, esta terceira edição estabeleceu um novo padrão de respeito ao programado.

Energético: A reunião de todos os participantes numa última festa, a poucos dias do final, ajudou a tirar o programa do marasmo que o atingiu na reta final.

Para maiores: Foi, em todos os sentidos, a edição menos infantil, tanto nas atividades propostas, quanto na forma de editar e no uso da trilha sonora e da computação gráfica.

Siga o dinheiro: Ao dobrar o valor da premiação, para R$ 2 milhões, além de oferecer um prêmio de R$ 500 mil no meio do jogo, a Record ganhou um slogan (“o maior prêmio da tevê brasileira”) e deixou a Globo sem ação.

O que não funcionou

“Casting”: A maior qualidade da terceira edição acabou sendo o seu maior problema. Com tanta gente conhecida e engraçada, o público se apiedou dos menos famosos e mais sem graça, o que deixou o programa, a partir da metade, muito tedioso.

Apelação: Houve diversas tentativas de comover os peões e fazer o público chorar, mas nenhuma mais canhestra que a visita de Gugu Liberato a dois dias do final e, na manhã seguinte, a ordem para os peões se despedirem dos animais.

Efeito-parasita: Durante três meses, “A Fazenda” turbinou o resto da programação da Record: “Legendários”, “Show do Tom”, “Hoje em Dia”, “Programa do Gugu” e, até, o religioso “Fala que Eu Te Escuto” alavancaram suas audiências explorando os personagens do reality. Para completar, a própria “Fazenda” virou veículo para publicidade das próximas atrações da emissora.

Voo cego: Num momento crucial do programa, a briga entre Dudu Pelizzari e Tico Santa Cruz, a edição não conseguiu explicar com clareza porque eles estavam quase se agredindo. Também houve exageros, como anunciar uma “briga” entre Nany People e Sergio Mallandro que, simplesmente, não houve.

Interrogação: O apresentador Britto Jr. segue com um papel indefinido no reality. Repete bordões sem graça, praticamente não interage com os participantes, não acerta o tom da narração e parece sem jeito no centro da cena.

Ao vivo?: A emissora prometeu transmissão 24 horas ao vivo, pela internet, mas com frequência cortou o sinal, sonegando do espectador imagens que ele só veria posteriormente, nos programas editados.

Falta sal: O programa segue sem acertar em suas festas e eventos com artistas. Grupos sem expressão, eventos de mau gosto e músicos deslocados, como Sergio Reis, deram o tom, pela terceira vez.

“Votação encerrada”: Em pelo menos duas roças, Britto Jr. comunicou o fim da votação e, segundos depois, sem dar tempo para a contabilização dos votos, anunciou o eliminado. O público entenderia melhor a intensidade das disputas que ocorrem se o programa informasse o número de votos, e não apenas os percentuais, em cada eleição.

Fonte: Mauricio Stycer, do UOL

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