quarta-feira, 6 de abril de 2011

Claudia Jimenez encena peça de Miguel Falabella



Há muito de Nalva, protagonista de Mais respeito que sou tua mãe!, em Claudia Jimenez, o que não significa, obviamente, que a atriz não tenha se dedicado a um trabalho de criação. Mas como Nalva, Claudia cresceu em meio a uma família numerosa, na qual sobressaía a figura da mãe batalhadora. Nem tudo, claro, aproxima atriz e personagem. Nalva se vê às voltas com um marido violento (interpretado por Ernani Moraes) e filhos não muito próximos das expectativas normalmente idealizadas pelos pais. Diretor da montagem, Miguel Falabella conferiu um molho brasileiro ao panorama descortinado pelo autor argentino Hernán Casciari, que teve seu texto lançado, em 2003, na internet e adaptado para teatro por Antônio Gasalla. O projeto dá continuidade à bem-sucedida parceria entre Claudia e Miguel, já testada e aprovada em Como encher um biquíni selvagem e Batalha de arroz num ringue para dois e em divertidos encontros em programas humorísticos na televisão.

Como surgiu o projeto de Mais respeito que sou tua mãe!?
Um dia, Miguel disse: “vi uma peça em Portugal que é a sua cara”. De fato, tem tudo a ver comigo porque é uma comédia rasgada, algo de que gosto e sei fazer bem. Fala sobre o cotidiano de uma família pobre, do subúrbio. Eu sou da Tijuca, de uma família grande em que a mãe precisava se virar porque o salário era baixo, e Miguel vem da Ilha do Governador.

Joaquim Monchique, ator português com quem você contracenou em Negócio da China, novela de Falabella, interpretou a sua personagem nessa peça, não?
Sim. Ele fez em Portugal vestido de mulher. Na Argentina a personagem também foi interpretada por um ator. Agora, Carmen Maura fará no cinema.

Você conheceu Miguel Falabella na época em que participou da montagem de A Ópera do Malandro, em 1978?
Acho que foi quando ele me viu pela primeira vez. Nós nos conhecemos mesmo na época em que ele fazia A Tempestade com o Pessoal do Despertar. De lá para cá, nos esbarramos sempre, prometendo de trabalhar juntos.

Você é uma atriz reconhecida pelo preciso timing de humor. É uma qualidade que se conquista ao longo da carreira?
Acho que nasce com a pessoa. Está ligada a um determinado olhar diante das coisas. Mas trabalhei 12 anos com Chico Anysio, Costinha, Berta Loran, Lucio Mauro, Nadia Maria. Foi uma Sorbonne para mim.

Antes de Mais respeito que sou tua mãe!, você interpretou uma personagem dramática em No Natal a gente vem te buscar. No seriado A Vida Alheia, a personagem também trazia uma determinada carga. Ainda que o humor fosse um ingrediente fundamental em ambos os trabalhos, você acha que representaram um desejo de guinada em relação aos papéis para os quais costuma ser escalada?
Eu me considero mais comediante do que atriz dramática. Às vezes, procuro fazer algo menos histriônico, mostrar um trabalho diferente. Do contrário, a vida fica chata. Sou escorpião, signo de gente que não quer moleza, e sim confusão. Eu queria montar No Natal a gente vem te buscar desde que vi Marieta (Severo). Assisti àquela versão umas quatro vezes. E convidei pessoas da equipe original, como Naum (Alves de Souza) e Analu (Prestes). Mas tive que esperar para fazer a solteirona. Acho que precisei me tornar uma solteirona.

Você tem uma ligação forte com Marieta Severo, não? Trabalharam juntas na montagem de A Ópera do Malandro, no filme O Corpo…
Ela foi a primeira colega que tive no teatro profissional em A Ópera do Malandro. Anos depois, dividimos o prêmio de melhor atriz no Festival de Brasília com O Corpo. Foi maravilhoso. Um filme de orçamento baixo realizado por um diretor (José Antonio Garcia) muito entusiasmado. Brinco com Marieta dizendo que ela só quer saber da Andréa Beltrão. Adorei As centenárias. Vi umas oito vezes. Marieta chegou a dizer que eu estava me tornando sócia do Teatro Poeira.

Você enfrentou desafios ao longo de sua carreira, como na montagem de Cândido, de Voltaire?
Fiz Cândido em versão musical, dirigida por Jorge Fernando. De início, Maitê Proença faria a Cunegunda e eu a Ama. Na hora, Jorge disse que eu faria a Cunegunda. Perguntei: “Como? Com essas coreografias todas?”. Mas me joguei.

Ainda planeja dirigir uma versão de Valsa nº 6, peça que fez como atriz no início dos anos 80?
Valsa nº 6 é um cristalzinho na minha carreira. Eu queria começar a dirigir teatro por essa peça, que conheço bem. Fico tentando convencer essas atrizes mais novas – Carolina Dieckmann, Mariana Ximenes –, mas elas têm medo.

Você começou a fazer teatro com Bia Seidl. Mantém contato com ela?
Bia é minha amiga de infância. Começamos juntas fazendo teatro infantil no Tijuca Tênis Clube. Organizávamos álbuns de atrizes. Ela tinha as escolhidas dela e eu, as minhas.

Mais respeito que sou tua mãe! está em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, na rua Augusta, 2823, São Paulo até 26 de junho. Classificação indicativa da peça: 18 anos

Fonte: Isto é Gente

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