quarta-feira, 6 de abril de 2011

O que esperar de “Amor e Revolução”?


Tudo e nada, eu diria inicialmente, conforme explicarei mais adiante.

Para quem acredita que a telenovela vive uma crise existencial, que nada mais pode ser feito e que o gênero está fadado ao fracasso, é uma chance de buscar alternativas.

Tudo bem que o texto de Tiago Santiago nunca foi um primor, é o seu ponto mais fraco, segundo os críticos de plantão. Mas, de uma coisa ninguém pode acusá-lo: falta de criatividade. É um autor que, desde que se lançou em voo solo, tem tentado se reinventar a cada trabalho: adaptou um clássico da literatura, escreveu novelas urbanas, se aventurou pelo realismo fantástico, adaptou outra obra de época para os dias atuais, até chegar ao presente desafio. Sua única repetição clara se deu na trilogia “Mutantes”, cuja continuidade se impunha pelos resultados do ibope.

Resta saber como se sairá diante de uma temática tão complexa.

Para quem reclama que a telenovela nos dias atuais é uma mesmice só, o período da ditadura é praticamente um ilustre desconhecido. Gilberto Braga já o havia abordado na minissérie “Anos Rebeldes” há 19 anos, e Aguinaldo Silva deu uma pincelada em quatro ou cinco capítulos de “Senhora do Destino” em 2004. De modos que este tema nunca foi pano de fundo de uma trama inteira.

A produção da novela é esmerada e baseada nos princípios globais de qualidade. É toda gravada em HD e conta com locações em uma cidade cenográfica, uma fazenda e um sítio, além de prédios históricos na cidade de São Paulo. Estão presentes na direção e no elenco muitos nomes de ex-globais. Antes do início das gravações, os atores participaram de um workshop sobre o período retratado na trama. Parte deles tiveram sessões de preparação corporal, lutas e tiro com profissionais de renome nacional, como integrantes da equipe do premiado filme “Tropa de Elite”. Cada capítulo da novela está orçado em 250 mil reais.

Num aspecto a trama sai na frente das demais do SBT: será a primeira novela que não será totalmente gravada antes da exibição. Assim, ajustes poderão ser feitos mediante a reação do público e da audiência.

Também joga a favor o horário de exibição. O canal tem veiculado outras tramas no horário, o que ajuda a fidelizar o público: “Pantanal”, “Dona Beija” e “Ana Raio e Zé Trovão”.  Na concorrência, vai bater de frente com uma trama da Record que está se arrastando e não cativa mais ninguém. A linha de shows da Globo não parece ser páreo duro há um bom tempo.

Outra questão que promete dar o que falar é o beijo gay. A trama tem personagens homossexuais e o autor já declarou, em entrevista, que o esperado beijo foi escrito, gravado e será exibido sem cortes. Palavra do “patrão” Sílvio Santos.

É aí que começam os problemas da trama, como eu disse no começo do texto. Dela se pode esperar tudo e nada: desde um grande sucesso até um estrondoso fracasso, pois tudo no SBT passa pelas mãos do dono. E nem mesmo a mais experiente das mães “Dinah” sabe o que esse homem tem na cabeça. Não foi uma nem duas vezes que jogou inúmeros capítulos no lixo, mudou programas de horários, ou mesmo os tirou do ar sem a mínima justificativa. Sua última medida tresloucada, segundo circula na imprensa, foi jogar uma novela inteira no lixo: “Corações Feridos” que, por acaso, foi escrita por sua própria esposa...

Quem, em sã consciência, jogaria uma novela inteira no lixo?

A sorte de “Amor e Revolução” foi lançada. O resto, só o tempo poderá responder.

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