Os
coelhos tirados da cartola do diretor Boninho não fizeram mágica na edição do
BBB12 que terminou ontem.
Duas das principais qualidades do reality
show mais longevo e rentável da televisão brasileira têm sido a energia de quem
faz o programa e a permanente capacidade de reinventá-lo.
Não à toa, o “BBB12” terminou nesta
quinta-feira com um anúncio (estão abertas as inscrições para o “BBB13) e uma
promessa de novidade (apenas dez candidatos serão selecionados).
Foi, porém, um programa frouxo, sem pique,
que nem mesmo o suingue de Thiaguinho conseguiu animar. Saltaram aos olhos os
sinais de que é preciso fazer algo para estancar o crescente desinteresse por
este produto tão importante para a Globo.
Os coelhos que sempre saíram da cartola do
diretor Boninho, ajudando o “BBB” a se renovar a cada ano, não produziram o
efeito desejado em 2012. Ao contrário, eu diria que nada deu certo nesta
edição.
O caso
Daniel:
O “BBB12” será lembrado, infelizmente, como a edição em que a Globo eliminou um
participante por “comportamento gravemente inadequado” logo no sexto dia e
passou os dois meses seguintes tentando abafar o caso e reescrever a história
do jogo.
Operação-abafa: Eliminado Daniel, a
primeira medida de Boninho foi proibir que os participantes mencionassem o nome
do modelo no jogo. Monique deixou a casa para depor à polícia, no Projac, e foi
igualmente orientada a não falar do assunto com seus colegas ao retornar.
Tipos
óbvios:
A seleção de candidatos resultou num fracasso de grandes proporções. Batizados
com clichês como “o descolado”, a “perua”, o “galã”, a “princesa”, o “ogro”, os
16 participantes poderiam, na verdade, ter sido apresentados com três nomes
apenas: as gostosas, os bonitões e os esquisitos.
Conflito
forçado:
Como tem ocorrido já há alguns anos, a divisão em dois quartos ou casas
estabelece obrigatoriamente um conflito previsível. Este ano, entre “Praia” e
“Selva”. Surpreendente, a esta altura, seria um “BBB” sem esta divisão
estanque.
De olho
no espelho:
Como Paulinha fez no “BBB11”, Rafa narrou o jogo em voz alta, diariamente,
prevendo cada passo do reality. Os candidatos, a esta altura, nem fingem mais
que olham diretamente para as câmeras atrás dos espelhos em vez de encarar os
colegas de confinamento. Como surpreender estes “bebebólogos”?
"Discursos": Marca do programa,
os discursos de eliminação de Bial, ou suas "croniquetas", como
chamou, divertem cada vez mais pela falta de sentido. O apresentador disse no
programa final que os candidatos, nervosos, não têm como entender mesmo o que ele diz. O mesmo
vale para o público, tranquilo, no sofá de casa.
Paredão
duplo:
Tentativa louvável de alterar a dinâmica do jogo, os paredões duplos, no lugar
dos triplos, não produziram o efeito desejado e caíram igualmente na rotina.
Sem
surpresa:
Que eu me lembre, Boninho só conseguiu, de fato, surpreender os participantes
uma única vez em todo o programa: quando Jonas atendeu o Big Fone e Bial exigiu
que indicasse alguém para o paredão em cinco segundos.
Improvisação: Mais uma vez, chamou
a atenção a quantidade de erros técnicos, provas mal elaboradas e improvisações
feitas no programa. O resultado de uma prova do líder teve que ser anulado por
conta de um erro de produção. Os problemas alimentam a suspeita do público
sobre a idoneidade do reality.
Sem
transparência:
Não há uma política clara de divulgação de número de votos para o público.
Quando interessa, Bial descreve formidáveis avalanches de votos; quando os
números não são tão bons, ele praticamente não fala a respeito. O paredão final
teve 43 milhões de votos, contra 50 milhões do “BBB11” e 150 milhões do
“BBB10”.
Ibope: De uma audiência
média de 47,5 pontos no “BBB5”, o Ibope caiu ano a ano, alcançando o seu
momento mais baixo no BBB11, com média de 24,8. Este ano houve uma discreta
melhora e chegou a 25,3, sem contar os últimos três dias.
Publicidade
e merchandising:
As notícias sobre o faturamento com publicidade, que Boninho sempre divulgou
para alguns colunistas, desapareceram em 2012, num claro sinal de que o
entusiasmo do mercado com o programa não é mais o mesmo.
Revanche: O apresentador
Faustão, que ousou falar o nome proibido de Daniel em seu programa, foi punido.
Apesar de ter oferecido o seu palco para o modelo, a primeira aparição do rapaz
foi à mesa do café da manhã de Ana Maria Braga, que conversou com ele por quase
uma hora sem fazer uma única pergunta sobre o ocorrido no “BBB12”.
Fonte: Maurício Stycer, do UOL
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