A novela “Aquele Beijo” é a história do que
mesmo?
Várias podem ser as respostas para esta
pergunta:
- uma vidente de araque que explora os poderes
do primo, que são reais, enquanto promove banhos em rapagões incautos;
- um prêmio de loteria dividido por casal em
que um parceiro tenta trapacear o outro;
- a proprietária de uma loja de alto luxo
frente à derrocada financeira e processos na justiça;
- uma mãe que expulsou a filha de casa porque
ela se rebelou contra o seu sonho de vê-la transformada em miss;
- os desencontros de um problemático
quadrilátero amoroso;
- a luta de uma mulher em manter um orfanato
enquanto sua irmã faz de tudo para livrar-se dele;
- uma travesti que sonha em ter o
reconhecimento da mãe biológica que a abandonou quando era criança;
- uma advogada que luta a favor de uma
comunidade prestes a ser despejada pela loja que se diz proprietária do
terreno;
- uma impostora que se infiltra em uma
família;
- a mulher que passou anos na Europa vivendo
como uma concubina prisioneira e herda uma fortuna e um título de nobreza
quando é solta após a morte de seu algoz.
Enfim, “Aquele Beijo” é uma novela de várias
histórias, que se cruzam ou não. A proposta inicial, com uma trama central – a
da conturbada relação do quadrilátero Rubinho-Cláudia-Vicente-Lucena -, foi se
esvaindo ao longo dos capítulos frente a uma audiência bocejante – que
despertava apenas com as tramas paralelas.
Perto de seu fim – a novela acaba em 14/04 – “Aquele
Beijo” é hoje uma novela sem protagonista, já que as tramas paralelas foram
engolindo a trama central. Após um período de marasmo, com audiência em baixa,
aos poucos o interesse pelas histórias foi sendo despertado e Aquele Beijo já
mostra fôlego para vários desfechos interessantes.
O grande destaque no elenco é, sem dúvida, a
pérfida e espirituosa Maruschka, interpretada por uma Marília Pêra sempre
inspirada quando vive personagens desse tipo. Maruschka tem a afetação de
Rafaela Alvaray (de Brega e Chique), a maldade de Custódia (de Meu Bem Querer),
a graça de Milu Montini (de Cobras e Lagartos), a arrogância de Catarina Faisol
(da série A Vida Alheia). Mas a atriz sempre consegue se inovar a cada
personagem.
Também ganhou destaque ao longo da novela de
Miguel Falabella a trama dos primos Mãe Iara e Joselito (Cláudia Jimenez e
Bruno Garcia), a divertida família “king size” de Olavo e Marieta (Ernani
Moraes e Renata Celidônio), a intrusa Damiana (Bia Nunnes), que se faz passar
por irmã de Felizardo (Diogo Vilela), e os dramas da travesti Ana Girafa (Luís
Salém).
Apenas lamenta-se que a direção de “Aquele
Beijo” tenha abandonado a proposta de alternar os famosos beijos da abertura.
Era bonito, original, e fazia a festa dos saudosistas de nossa teledramaturgia,
como eu.
Fonte: Nilson Xavier, do UOL
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