O “Roda Viva” foi muito interessante. Para os
fãs de “Fina Estampa”, Aguinaldo antecipou uma série de desfechos da trama,
cujo último capítulo será exibido em 23 de março. Disse que Crô não ficará com
Baltazar, que Tereza Cristina não vai morrer nem ser presa e contou que
Griselda será homenageada na formatura do filho Antenor.
Aguinaldo falou muito sobre o seu ofício.
Reproduzo algumas de suas observações:
“Sempre penso em figuras de desenho animado.
Tereza Cristina é o Tom. Crô é o Picapau”.
“A telenovela é tratada com enorme desdém
pela mídia. É preciso gostar de televisão para escrever sobre televisão. Não
pode ser um inimigo do assunto.”
“Novela não é arte. É entretenimento. É uma
criação coletiva, envolve 300 pessoas. Comparo novela ao jornal de ontem. É tão
descartável quanto o jornal de ontem.”
“Hoje somos cinco ararinhas azuis escrevendo
novela das 21h. Gilberto Braga, Silvio de Abreu, Manoel Carlos, Gloria Perez e
eu. Agora entrou o João Emanuel Carneiro. Dificilmente surgirão grandes
novelistas para este horário. Exige muita disciplina escrever novela”.
“Minhas novelas sempre atraíram o público da
classe C. E sempre foram esnobadas pelas classes A e B”.
“Não tenho ilusões. A novela pertence ao
produtor. Não é minha. Não existe na Globo o ‘faça isso, Aguinaldo’. Mas sinto
que a gente é o lado negro. Se pudesse fazer novela sem autor seria melhor para
eles.”
“Quando Tereza Cristina empurrou o mafioso
pela escada, quiseram mudar a classificação etária e passar o horário da novela
para as 22h. Imagine o prejuízo para a Globo. Na minha novela, as pessoas fazem
sexo de roupa.”
“Crô é o personagem da novela que será
lembrado, para tristeza dos gays que não gostam dele. Crô acabou aqui. Não
quero fazer mais. Seriado, não.”
“Não tenho interesse em fazer remakes. Ainda
tenho muitas histórias para contar”
“Não tenho mais idade para colocar política
nas novelas. Tem muita retaliação”.
“Vou contar um segredo: continuo fazendo
novelas rurais. Nenhuma novela minha é urbana. Você acha que a Barra da Tijuca
de ‘Fina Estampa’ existe? É uma cidade do interior.”
“Os atores são muito autocentrados. Quando
eles fazem novela, eles só vêem o papel deles, não vêem a novela. Minha relação
com os atores é muito cerimoniosa.”
“Precisamos aprender o jeito de fazer
seriados. Ainda fazemos uma coisa muito primitiva, o seriado americano dos anos
80. A gente precisa aprender a fazer no Brasil. É isso que está vendendo. Em
‘Lara com Z’ tentei fazer uma coisa nova, mas tenho os vícios de novela.”
“Os autores de novela das 21h estavam
conformados com 35 pontos de média (no Ibope). ‘Fina Estampa’ deu 40 em média.”
“Balzac é o pai da novela. Todo dia pego um
livro e leio três ou quatro páginas.”
“Minha novela preferida é ‘Tieta’, a primeira
que escrevi depois do fim da censura. Pude me permitir coisas que não podia
antes.”
Fonte: Maurício Stycer, do UOL
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