Em sua próxima novela das nove, “Salve
Jorge”, Glória Perez vai abordar o tráfico internacional de pessoas e a
pacificação do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Para
contextualizar o telespectador, a autora vai reconstituir a ocupação do morro,
que aconteceu em novembro de 2010 e contou com apoio das Forças Armadas.
“É necessário que seja feito um registro
histórico para explicar ao público o que aconteceu, inclusive porque o resto do
Brasil não acompanhou com a determinação que os cariocas acompanharam o que foi
a ocupação. É preciso que fique muito claro qual é o universo da protagonista,
qual é o universo do protagonista, por que aquelas coisas aconteceram daquela
maneira”, explicou.
Glória disse que não pode deixar o que foi a
ocupação para a imaginação das pessoas. “Até porque muita gente vai saber e
muita gente não sabe. Se você não puser em um contexto, a força da história se
perde”, argumentou.
Assim como em “O Clone” e “Caminho das
Índias”, em “Salve Jorge”, a autora também vai explorar a cultura de outro
país. Desta vez, ela escolheu a Turquia. Glória confessou, contudo, que “Salve
Jorge” será a terceira novela de uma trilogia. “Essa é a terceira novela que
trata de uma cultura estrangeira. Porque fiz ‘América’ e tudo, mas a mocinha de
‘América’ ia para os Estados Unidos, mas eu não mostrava a cultura de lá”,
lembrou.
A autora falou sobre seu fascínio pelo
Oriente e afirmou que o que mais a atrai é a maneira como as pessoas de lá veem
o mundo. “Sempre tive uma curiosidade muito grande sobre as outras pessoas e as
outras formas de olhar o mundo. Acho que meu amor pelo Oriente vem daí”, disse.
Glória contou que aprendeu muito com a
cultura de Marrocos, da Índia e agora da Turquia. Segundo a autora, o maior
aprendizado foi que não há só uma maneira de enxergar o mundo. “Você aprende
que o seu umbigo não é o centro dele. Acho que essa é a grande lição sempre”,
argumentou.
A escritora também falou sobre sua relação
com São Jorge e afirmou que não era devota, mas sempre admirou o santo
guerreiro. “Acho São Jorge um santo muito carismático, um santo fantástico,
porque ele realmente é popular, ele mexe com a alma das pessoas. E eu gosto
muito dessa face do guerreiro, de ter um santo guerreiro, que supera, que luta,
que não desiste”, contou.
Conhecida por escrever suas novelas sozinha –
sem colaboradores –, Glória contou o porquê de tal metodologia. “Eu acho muito
difícil escrever com um grupo. Eu não consigo. Eu sempre escrevi só”, explicou.
Ela disse, contudo, que conta com a ajuda de pesquisadoras. “Tenho um grupo de
quatro pesquisadoras, a turca Berna Ayat; a Malga Di Paula, que cobre a parte
da Turquia; a Júlia Laks, que cobre a parte do Alemão; e a Sandra Regina, que
cobre a parte do exército”.
Apesar de a atrz só estrear em outubro, a
autora contou que já tem quatro capítulos escritos. Agora ela está se dedicando
aos adendos, que são as cenas que alguns atores gravarão na Turquia. “Tem cenas
do princípio, do meio e do final da novela. Isso que é o mais difícil: escrever
as cenas antecipadas”, contou.
Fonte: UOL
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