terça-feira, 10 de janeiro de 2017

“Escrava Mãe”: o feijão com arroz bem feito


Chegou ao fim nessa segunda-feira (8/1) a saga de Juliana, a “Escrava Mãe” da Record, vivida pela atriz Gabriela Moreyra. Ao longo de seus mais de sete meses de exibição, a novela – de autoria de Gustavo Reiz – revelou-se uma grata surpresa – e enfrentou a concorrência direta com o sucesso de “Haja Coração”, da Globo.

O público recebeu bem a trama, que manteve-se sempre em segundo lugar na audiência, totalizando uma média de 11 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Coprodução da emissora paulista com a Casablanca, tudo em “Escrava Mãe” representou um avanço na dramaturgia da Record. Não apenas porque foi a primeira gravada em 4K (Ultra HD), mas também pelos cenários, figurinos e caracterizações, iluminação, cidade cenográfica e direção (geral de Ivan Zettel).

O elenco enxuto (apenas 35 atores fixos) e bem escalado permitiu ótimos momentos à maioria. Brilharam Thaís Fersoza, Roberta Gualda, Bete Coelho, Jussara Freire, Luiza Tomé, Léo Rosa, Adriana Lessa, Lidi Lisboa e Jayme Periard. O casal protagonista Gabriela Moreyra e o português Pedro Carvalho, apesar de altos e baixos, seguraram com garra seus personagens.

Nada disso valeria não fosse o texto bem amarrado de Gustavo Reiz. O maior mérito do autor foi ter obtido um bom resultado sem a avaliação do público – a novela estava engavetada e foi ao ar já inteiramente gravada. Ainda que Reiz não tenha ousado na narrativa, “Escrava Mãe” tinha o apelo de uma história universal costurada com os mais esgarçados clichês do folhetim de forma competente, dosada e segura.

Guardadas as devidas proporções, pode-se traçar um paralelo com a novela das nove da Globo, “A Lei do Amor”, que pena para encontrar o seu caminho, tateando em meio à vontade do público – um contraponto com a trama mais simples de “Escrava Mãe”, que trilhou caminhos seguros sem a interferência da audiência. O êxito da novela talvez se explique por ela entregar o que público já espera dessa história. Sabe o feijão com arroz bem feito? Em suma, é isso.

Fonte: Nilson Xavier, do UOL

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