Considerado um dos pioneiros a trazer o stand
up comedy para o Brasil, o ator Bruno Motta gravou na noite de terça-feira, 25,
em São Paulo, seu primeiro DVD. Previsto para ser lançado em dezembro deste
ano, o trabalho é repleto de piadas ácidas sobre famosos, política e televisão.
E faz a plateia gargalhar e aplaudir durante uma hora.
Susana Vieira e o namorado mais novo, os
casamentos de Gretchen e Fábio Junior e até a morte de Amy Winehouse não
escaparam do texto bem elaborado do artista, que já foi elogiado por nomes como
Jô Soares e Rubens Ewald Filho.
Comentarista do “Jornal da Record News”, ao
lado do ex-âncora do “Jornal da Cultura”, Heródoto Barbeiro, Bruno falou em
entrevista exclusiva sobre o humor na televisão, carreira e comentou o contato
que teve com José Vasconcelos e Heródoto Barbeiro. Confira:
O humor
e os programas de humor mudaram. Para você, qual a maior dificuldade de fazer o
outro rir, atualmente?
Hoje em dia é essa polícia, a vigília em cima
da piada. A gente está em uma era de informação, em que tudo o que a gente
escreve em uma rede social vira notícia. Querem tornar tudo o que a gente fala
mais uma polêmica. Eu sempre digo isso: o que a gente fala não é nada além do
reflexo da sociedade em que vivemos. Mesmo quando a pessoa fala a maior
grosseria, está refletindo essa sociedade. Muitas vezes não desejamos nos ver
no espelho, ver a sociedade de que fazemos parte.
Como
você lida com essas cobranças?
Lido bem com isso, sei com quem estou
falando. Se a pessoa não ri com o que eu falei, sei que existe um problema, sei
que não consegui passar a mensagem.
O stand
up lida com casos do cotidiano. Você fica o dia inteiro pensando em piadas?
Acho que o dia inteiro... Vejo jornal
pensando, vejo televisão pensando, converso com os amigos. Quando você trabalha
com isso fica mais atento, pensa que tudo pode virar piada. Mas não testo mais
com amigos, hoje em dia é tudo no palco. Até porque faço shows de segunda a
segunda.
Tendo
sido um dos primeiros a investir em stand up no Brasil, o que mudou de lá pra
cá?
A gente nunca achou que fosse possível
proliferar desse jeito, que fossem existir shows para fazer. No começo, a gente
tinha que explicar o que era stand up, era complicado. Digo que antigamente as
pessoas gostavam de ser ator, modelo e astronauta. Mas hoje elas querem fazer
stand up e ser DJ (risos).
A Nany
People também disse, em recente entrevista ao Yahoo!, que exige uma grande safra
de pessoas querendo fazer stand up. Saberia explicar o motivo?
Não sei, mas talvez tenham a impressão de que
não precisa de nada para fazer stand up. Pois a graça do stand up é essa: fazer
parecer que a piada saiu do nada, que é um bate-papo com a plateia. Mas é
mentira. Sem talento é difícil sentar na frente da plateia e defender o
trabalho. Acho que a plateia sabe quem é quem, uma hora ela diz “isso é ruim”.
Alguns
atores que trabalham com o humor, como a Marisa Orth, dizem que o humorista na
vida pessoal é totalmente diferente. São muitas vezes dramáticos e mal
humorados. Como você é?
Alguns são mesmo (risos). Mas eu sou muito
feliz, meio ligado no 220, mas nem um pouco mal humorado. Gosto de sair com os
amigos, rir...
E o que
te faz rir?
Eu não sei (pensativo). Espontaneidade me faz
rir. O José Vasconcelos (1926-2011) me fez rir muito durante uma temporada que
fiz com ele. Já ri muito com o Chico (Anysio) e Jô (Soares), mas o Zé era
incrivelmente engraçado. Ele tinha uma elegância na hora de fazer uma piada que
não falava um palavrão sequer. E era muito engraçado. Quando ele morreu, eu vi
um vídeo no Jô, fiquei rindo e chorando.
Como
foi esse contato com o José Vasconcelos?
Ele era muito doce, muito professor. Ele já
falava sobre esse momento de “deixar a terra”. Ele falava exatamente assim,
“deixar a terra” (risos). Ele escreveu até uns livros sobre extraterrestres...
Ele era meio maluco, né? E eu dava muita risada com ele.
Você
está na Record News com o Heródoto Barbeiro, ex-âncora seriíssimo do Jornal da
Cultura. Como ele é nos bastidores?
Ele é budista, aliás, completamente budista,
nem um pouco estressado. Ele vem, fala uma coisa e sai. Muuuito tranquilo.
Temos uma redação comandada por um monge budista. Pois é, ele não é só budista,
ele é um monge. Eu chego uma hora antes do jornal, às vezes conto uma piada
para ele... Ele diz: “ah, muito boa essa do Corinthians”, porque ele adora. Mas
posso brincar sobre tudo, já que ele é muito tranquilo.
No
palco você propõe até um casamento da Gretchen com o Fábio Junior. Quais são as
celebridades mais fáceis de brincar e fazer o público rir?
As mais conhecidas. O Silvio Santos, por
exemplo, eu adoro, posso falar a maior maluquice dele que as pessoas estão
rindo. Ana Maria Braga, Susana Vieira e Hebe... Quando falo dessas pessoas é
porque elas são adoradas e muito conhecidas. Sobre o casamento do Fábio e da
Gretchen... Nossa, o fim do mundo (risos). É uma piada apenas, porque eles
casam muito, né?
Você
sempre achou que pudesse fazer sucesso no humor?
A primeira vez que subi no palco eu tinha
seis anos. Foram tantas as primeiras vezes que eu não tenho uma primeira vez de
nada. Sempre gostei de comunicação de massa... Gosto de escrever, de estar no
teatro, fazer algo no YouTube, na televisão... Para mim, tudo isso é um braço
da mesma coisa. Sempre fui elétrico e minha família falava para eu parar,
dormir... Mas eu não parei, né?
Gostaria
de fazer uma novela, drama?
Sim, porque sou ator formado... Posso fazer
um dia, mas gosto mesmo é de comédia.
Fonte: Yahoo
Nenhum comentário:
Postar um comentário