Focada na classe C, a Rede Globo fez a festa
de lançamento de sua nova novela das nove, "Avenida Brasil", na
quadra da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, no Rio de Janeiro, nesta
quinta (15). Mas o clima “classe C” do evento era marcado pelo calor intenso
(só havia ventiladores no local), o que fez com que a atriz Carolina Ferraz,
trajando um vestido curtíssimo listrado sem sutiã e marcado pelos mamilos,
fugisse do local depois de pouco menos de uma hora."É difícil ser chique
num calor desse".
Não foi só Carolina Ferraz que se incomodou
com o calor. As baratas também começaram a brotar do chão. O próprio diretor
Ricardo Waddington, ao subir no palco para apresentar o clipe da novela, falou:
"Nossa, tem uma barata aqui".
Pouco antes, em entrevista ao UOL, o diretor
comentou sobre o foco da Rede Globo na nova classe média brasileira. Segundo
ele, quem diz que a Globo está olhando agora para a classe C não entende nada
de novela. "A Globo sempre conversou com todas as classes sociais. Se a
gente falasse só com a classe C, teríamos a audiência da nossa concorrente. Mas
o que pode explicar esse fenômeno é uma viagem que eu fiz a Bolívia. Lá me
disseram que depois que o Evo Morales subiu ao poder, os bolivianos pararam de
olhar para baixo e passaram a olhar para cima. É o mesmo que aconteceu com o
Brasil depois que o Lula subiu ao poder. Antes as novelas tinham como núcleo
central os ricos, hoje a chamada classe C está querendo se ver na TV”.
Questionado se a máxima do Joãosinho Trinta
de que pobre gosta é de luxo estaria desafasada, Ricardo respondeu: “Hoje em
dia ele perderia o Carnaval”.
O que tinha de classe C no evento eram as
comidas, aperitivos como ovo de cordona, azeitona e caldinho de feijão. A atriz
Paula Burlamaqui, por exemplo, olhou com certo desdém para um garçom que lhe
oferecia a iguaria brasileira. "Aí não, caldinho de feijão não dá".
Outros poucos representantes da classe C se
aglomeravam na entrada do evento pedindo autógrafos aos atores, e foi o máximo
que se viu de Rocinha na festa de lançamento de "Avenida Brasil".
O autor da novela, João Emanuel Carneiro,
explicou o porquê do nome "Avenida Brasil". Para quem não conhece o
Rio de Janeiro, a avenida é uma via expressa de 56 km de extensão que, de
acordo com a visão do autor, atravessa a periferia da cidade. "É um lugar
por onde todo mundo passa, e que resume bem a essência da novela”.
A trama também terá um núcleo centrado em um
lixão. É desse lugar que saem as principais personagens: Carminha, a vilã de
Adriana Esteves, nasceu lá, e por isso faz de tudo para vencer na vida. A
heroína da história, Nina, vivida por Débora Falabella, também terá sua
passagem pelo lugar, e é de onde tirará forças para empreender sua vingança
contra Carminha, que após dar um golpe em seu pai abandona a protagonista ainda
criança no lixão. “Eu já tinha colocado cenas de lixão em ‘Na Cor do Pecado’ e
‘A Favorita’, mas esse representa o inferno da novela", explica Carneiro.
Segundo os atores que gravaram no lixão
fictício montado no Projac, o lugar, embora higienizado, é bastante degradante,
além de ser muito claro e quente. Mesmo para quem não gravou as cenas, foi
possível ter uma ideia do que os atores sofreram durante essas gravações no
lançamento da novela -- inclusive as baratas.
Fonte: UOL
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