sexta-feira, 2 de março de 2012

Entrevista - Sandra Annenberg


Antes de começar a conversa, Sandra Annenberg ajeita o cabelo. “Gosto dele curto. Acordo e saio”, diz, explicando por que usa o mesmo corte há tempos. Ao 43 anos e 21 de jornalismo, Sandra – que, sem querer, virou criadora do bordão “que deselegante!” – diz que só mudou de visual nos tempos em que era atriz, quando participou de séries como Tarcísio & Glória. “Ali era o personagem, não eu”, diz a apresentadora e editora-executiva do Jornal Hoje, da TV Globo, casada com o repórter Ernesto Paglia. “Ele é meu ar e nós respiramos juntos”, declara-se.

Você já foi atriz. Acha possível voltar a atuar?
A ficção e a realidade são incompatíveis e optei pela realidade. Sinto falta? Sim, tem uma coisa dentro de mim congelada, porque eu sentia um enorme prazer em atuar, assim como amo o que faço. Vou voltar um dia? Não sei, mas agora não dá. Atualmente, não sou personagem, sou jornalista.

Qual foi o momento mais marcante de sua trajetória no jornalismo?
As coberturas de grandes tragédias são bem marcantes. Lembro da queda do voo da Air France, em que entrávamos no ar sem saber bem o que estava acontecendo. O caso da Eloá, que revivemos agora, também marcou, assim como a morte da princesa Diana. No caso da Diana, passei a madrugada de sábado para domingo fazendo entradas ao vivo, com aquela musiquinha do Plantão da Globo. Aquela musiquinha dá medo em qualquer um!

Você não tem mais vontade de deixar o seu cabelo crescer?
Não. No dia a dia, chego às 8h da manhã, tenho que estar pronta em 20 minutos. Não tenho tempo para escova nem vou encher meu cabelo de química. Acho que me cai bem este visual, estou sempre arrumada, vou para a rua e estou sempre pronta. Longo, meu cabelo é ondulado, não dá para acordar e sair.

O que você e o Evaristo Costa falam no encerramento do jornal?
Segredo (risos)! A graça é essa. Cada dia falamos uma coisa, ou repercutimos uma notícia, comentamos, depende....

Adotaria um visual de que não gostasse pelo trabalho?
Como atriz, já adotei. Como jornalista, não, porque sou eu, Sandra, na bancada, e eu escolho. O cabelo só não pode chamar mais a atenção do que a notícia.

Esperava que a frase “que deselegante!” fosse alcançar tamanha repercussão?
Nunca! Foi um susto imenso. Até agora não entendi direito o que aconteceu. Por um lado, foi assustador, por outro, foi divertido. Outras coisas vieram à minha cabeça na hora em que vi uma colega sendo empurrada ao vivo, uma falta de respeito. Coisas impublicáveis, mas me controlei.

O que te deixa de mau humor?
Mau humor alheio. A vida não é fácil para ninguém, e meu impulso é buscar soluções.

Como se mantém em forma?
Malho uma hora por dia de segunda a sexta-feira, e resolvi incluir um dia no final de semana, o que faz diferença! Meço 1,61 metro, e cheguei aos 55 quilos e meio! Tenho uma alimentação saudável, como sem exagero. Conta a favor o fato de eu não ser de doces. Por outro lado, adoro pão!

Como foi ver aquela dedicatória no livro do seu marido: “Para Sandra, que é meu ar”?
Ter ficado sem ele por 40 dias foi difícil (quando Ernesto participou do projeto Jornal Nacional no Ar). Para atenuar a ausência, deixava a Elisa, nossa filha de 8 anos, acordada para ver o Jornal Nacional e saber onde ele estava. A dedicatória sintetiza nossa relação. Ele também é meu ar e nós respiramos juntos.

Já se emocionou além da conta no ar?
Minha voz embargou quando fui dar a notícia do menino João Hélio. Todo dia vou embora com uma pedrinha no sapato que me incomoda, não é fácil lidar com tanta desgraça!

Fonte: Revista Quem

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