Antes de começar a conversa, Sandra Annenberg
ajeita o cabelo. “Gosto dele curto. Acordo e saio”, diz, explicando por que usa
o mesmo corte há tempos. Ao 43 anos e 21 de jornalismo, Sandra – que, sem
querer, virou criadora do bordão “que deselegante!” – diz que só mudou de
visual nos tempos em que era atriz, quando participou de séries como Tarcísio
& Glória. “Ali era o personagem, não eu”, diz a apresentadora e
editora-executiva do Jornal Hoje, da TV Globo, casada com o repórter Ernesto
Paglia. “Ele é meu ar e nós respiramos juntos”, declara-se.
Você já
foi atriz. Acha possível voltar a atuar?
A ficção e a realidade são incompatíveis e
optei pela realidade. Sinto falta? Sim, tem uma coisa dentro de mim congelada,
porque eu sentia um enorme prazer em atuar, assim como amo o que faço. Vou
voltar um dia? Não sei, mas agora não dá. Atualmente, não sou personagem, sou
jornalista.
Qual
foi o momento mais marcante de sua trajetória no jornalismo?
As coberturas de grandes tragédias são bem
marcantes. Lembro da queda do voo da Air France, em que entrávamos no ar sem
saber bem o que estava acontecendo. O caso da Eloá, que revivemos agora, também
marcou, assim como a morte da princesa Diana. No caso da Diana, passei a
madrugada de sábado para domingo fazendo entradas ao vivo, com aquela
musiquinha do Plantão da Globo. Aquela musiquinha dá medo em qualquer um!
Você
não tem mais vontade de deixar o seu cabelo crescer?
Não. No dia a dia, chego às 8h da manhã,
tenho que estar pronta em 20 minutos. Não tenho tempo para escova nem vou
encher meu cabelo de química. Acho que me cai bem este visual, estou sempre
arrumada, vou para a rua e estou sempre pronta. Longo, meu cabelo é ondulado,
não dá para acordar e sair.
O que
você e o Evaristo Costa falam no encerramento do jornal?
Segredo (risos)! A graça é essa. Cada dia
falamos uma coisa, ou repercutimos uma notícia, comentamos, depende....
Adotaria
um visual de que não gostasse pelo trabalho?
Como atriz, já adotei. Como jornalista, não,
porque sou eu, Sandra, na bancada, e eu escolho. O cabelo só não pode chamar
mais a atenção do que a notícia.
Esperava
que a frase “que deselegante!” fosse alcançar tamanha repercussão?
Nunca! Foi um susto imenso. Até agora não entendi
direito o que aconteceu. Por um lado, foi assustador, por outro, foi divertido.
Outras coisas vieram à minha cabeça na hora em que vi uma colega sendo
empurrada ao vivo, uma falta de respeito. Coisas impublicáveis, mas me
controlei.
O que
te deixa de mau humor?
Mau humor alheio. A vida não é fácil para
ninguém, e meu impulso é buscar soluções.
Como se
mantém em forma?
Malho uma hora por dia de segunda a
sexta-feira, e resolvi incluir um dia no final de semana, o que faz diferença!
Meço 1,61 metro, e cheguei aos 55 quilos e meio! Tenho uma alimentação
saudável, como sem exagero. Conta a favor o fato de eu não ser de doces. Por
outro lado, adoro pão!
Como
foi ver aquela dedicatória no livro do seu marido: “Para Sandra, que é meu ar”?
Ter ficado sem ele por 40 dias foi difícil
(quando Ernesto participou do projeto Jornal Nacional no Ar). Para atenuar a
ausência, deixava a Elisa, nossa filha de 8 anos, acordada para ver o Jornal
Nacional e saber onde ele estava. A dedicatória sintetiza nossa relação. Ele
também é meu ar e nós respiramos juntos.
Já se
emocionou além da conta no ar?
Minha voz embargou quando fui dar a notícia
do menino João Hélio. Todo dia vou embora com uma pedrinha no sapato que me
incomoda, não é fácil lidar com tanta desgraça!
Fonte: Revista Quem
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