sábado, 2 de julho de 2011

Repórter treina em frigorífico para maratona


O repórter Clayton Conservani entrou literalmente numa fria. No quadro "Planeta Extremo", que estreia no domingo (3) no "Fantástico", ele visita alguns dos lugares mais bonitos, mas também mais perigosos do planeta.

No primeiro episódio, ele vai participar de uma maratona na Antártica, sob um frio de -30º C e com um vento de 100 km/h. Para se sair bem na prova, ele passou por quatro meses de preparação, que incluíram até um treino dentro de um frigorífico.

Como surgiu a ideia do quadro?
O "Planeta Extremo" é uma ramificação do "Esporte Extremo", que já existia no "Esporte Espetacular". Em agosto do ano passado resolvemos ousar um pouco mais, fazer algo mais grandioso. Pensamos muito e decidimos fazer esse novo quadro com uma equipe maior: roteirista, editor e finalizador de alto nível. A gente começou a preparação imediatamente depois. Jornalisticamente foi um desafio, mas também tive de me preparar muito para a maratona na Antártica, para caçar a aurora boreal no Ártico sob um frio intenso, para os vários dias de cavalgada na Cordilheira dos Andes até encontrar os destroços do avião que caiu e tive de fazer curso de mergulho em caverna para entrar nos buracos azuis das Bahamas.

Como vocês selecionaram os desafios que seriam mostrados nas reportagens?
O critério foi o de criar um impacto grande nos espectadores. Ninguém imaginava que tinha uma maratona e uma ultra-maratona na Antártica. A aurora boreal é o fenômeno mais espetacular do planeta Terra. Os buracos azuis das Bahamas são considerados o mergulho em caverna mais difícil do mundo. E a história dos Andes é uma das histórias de sobrevivência mais incríveis do século 20. A gente garimpou e depois fomos enxugando. Tínhamos sete ou oito alternativas até chegar aos quatro.

Ficou alguma coisa que deu pena deixar de fora dos episódios?
Na verdade, não, porque a gente já está programando uma segunda temporada. Esses desafios que a gente acha que têm uma pegada muito grande a gente deve começar a produzir em breve.

Como foi a preparação para os episódios? Ficamos sabendo que teve até um treino dentro de uma geladeira para se acostumar com o frio...
Um pouco antes da maratona na Antártica, a gente estava em Punta Arenas, no Chile, antes de embarcar e fizemos alguns treinamentos em frigoríficos. Eu e o Bernando Fonseca, o outro maratonista brasileiro que correu comigo, buscamos frigoríficos para peixe e fizemos vários treinos com -20º C ou -25º C.

Esse tipo de preparação é normal para quem vai participar desse tipo de prova?
Nós dois éramos os únicos brasileiros, os outros competidores eram europeus ou já viviam em lugares frios, com condições climáticas adequadas para o treinamento. Nós dois treinamos na areia no Rio de Janeiro, em um ou outro lugar de montanha, mas não tínhamos testado as roupas em um ambiente tão específico.

Essa foi a maior roubada pela qual você passou para gravar o programa?
Entrar na geladeira foi um treino de meia hora... Foi tranquilo. Difícil mesmo foi a maratona. Aí você está correndo em um ambiente inóspito, com a neve fofa, risco de congelamento no dedo, risco de perder um nariz ou orelha por causa do frio. No frigorífico, se você está sentindo frio, você sai e não tem problema nenhum. Na Antártica, não tem como se esconder.

E valeu à pena todo esse sacrifício?
Eu acho que valeu muito. Eu me preparei quatro meses especificamente para a maratona. Acordava de madrugada para fazer horas e horas de longos treinos e o resultado foi muito gratificante. Não vou falar a minha colocação na prova para não estragar a surpresa. Confiram domingo no "Fantástico" o que aconteceu depois de todos esses meses, de todo esse esforço.

Tem muita gente que acha o seu emprego um dos mais legais do mundo. O que você acha disso?
Por um lado, eu visito lugares que muitas pessoas jamais iriam. O "Planeta Extremo" tenta levar os telespectadores para lugares em que dificilmente eles passariam férias com a família. São lugares lindos, mas são muito perigosos ao mesmo tempo. Já escalei o Everest, o Aconcágua, o McKinley (no Alasca)... Ao mesmo tempo que é lindo de se ver, existe um risco de vida que a gente minimiza com muito treinamento, tentando fazer tudo com a maior segurança possível. Mas ainda tem outros fatores, como avalanches. Ao mesmo tempo que é um trabalho que deixa as pessoas deslumbradas, é um trabalho arriscado. As pessoas às vezes não percebem o risco que a nossa equipe corre para cobrir esses chassis. Tem um lado muito bonito, mas tem um lado perigoso também.

Fonte: Folha

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