Há poucos dias, depois de entregar os últimos capítulos de A Terra Prometida, o dramaturgo Renato Modesto soube que não teria o seu contrato, que vence no próximo dia 30, renovado pela emissora. Seria chato e não “desagradável”, como descreve Modesto, se antes o canal não tivesse se comprometido a mantê-lo no elenco. “O que me incomodou foi o fato de que, verbalmente, prometeram que iriam renovar o contrato, mas, quando terminei de escrever os capítulos na semana passada, me informaram do contrário”, conta o dramaturgo, que escreveu também a série Milagres de Jesus e colaborou em produções da Globo como Araguaia e Desejo Proibido.
Com audiência média na casa dos 15 pontos, o que a coloca à frente do SBT, A Terra Prometida terá seu capítulo de número 85 exibido na noite desta sexta-feira e segue, de acordo com a assessoria da Record, sem previsão para sair do ar. Renato Modesto acredita que, com o alongamento do texto feito na ilha de edição, ela pode ficar no ar até fevereiro. Confira abaixo a entrevista do dramaturgo:
Sua relação com a Record poderá ser por obra?
Não seguirei com nenhum vínculo legal com a Record, pois meu contrato termina no dia 30 de novembro de 2016 e já me informaram que não o renovarão. Eles me disseram que as portas estão abertas para eu apresentar novos projetos no futuro, caso eu assim deseje. Se eu fizer isso e os projetos interessarem à emissora, eles me contratarão novamente. É, portanto, apenas uma possibilidade, igual à que eu tenho em qualquer outra emissora ou produtora. No momento, meu vínculo com a Record está rompido.
Você era contratado como pessoa jurídica. Pensa em processar a emissora?
De jeito nenhum. Quando entrei na Record, eu aceitei a proposta que me fizeram e concordei com os termos do contrato. Fiquei muito satisfeito com o que realizei nos cinco anos de Record e aprendi muito, tanto em termos pessoais quanto profissionais. Nesse tempo, tive um excelente relacionamento com a direção da emissora. Só fiquei chateado porque me prometeram informalmente renovar o contrato e, depois, não o fizeram. Mas a Record não descumpriu o acordo legal que firmou comigo e, assim, não tenho por que brigar.
Seu vínculo vai até 30 de novembro. E a novela?
Eu já entreguei o último capítulo (capítulo 130) e ele foi aprovado. Dessa forma, a Record não deve me pedir mais trabalho. No máximo, a produção pode me ligar para tirar alguma dúvida quanto às cenas já prontas. A emissora está ganhando capítulos na edição e os 130 que escrevi devem virar entre 150 e 170 capítulos no ar. Espero que não alonguem demais, porque esse recurso faz a novela ganhar uma “barriga” que não existe nos roteiros. Diante desse aumento de tempo com a edição, não sei exatamente quando a novela vai sair do ar, mas imagino que seja em meados de fevereiro de 2017.
Teve liberdade para escrever A Terra Prometida?
A novela A Terra Prometida foi uma encomenda da Record que, assim, manteve uma postura de supervisão, interferindo na construção de personagens, no encaminhamento das tramas e até mesmo nos diálogos. Quem interfere é a cúpula artística da emissora, liderada pela Cristiane Cardoso que é a supervisora de conteúdo da emissora atualmente. Isso aconteceu de forma marcante no aspecto religioso da história, mas também na parte puramente ficcional. Eu prefiro trabalhar com maior liberdade de criação (como tive na série Milagres de Jesus, que me satisfez muito profissionalmente), mas aceitei as regras da emissora para poder realizar a novela. Acredito que o resultado é bastante satisfatório, apesar das interferências. A Terra Prometida é uma boa novela, emocionante e movimentada. A alta audiência comprova a boa aceitação do público.
A Terra Prometida vai de fato bem de audiência, mas abaixo de Os Dez Mandamentos. Na sua opinião, a Record esperava repetir o feito (raro) de Os Dez Mandamentos, que chegou a vencer a Globo?
Não acredito que a Record esteja decepcionada, pelo contrário. A Terra Prometida é um grande sucesso, um dos maiores já realizados pela emissora. A novela está com uma média de audiência bem próxima de Os Dez Mandamentos, que foi considerada um fenômeno. Diante do sucesso dos programas que eu já realizei na emissora, acho que seria mais sensato me manterem contratado, mas preferiram não fazer isso. Por mim, está tudo certo. Sinto gratidão pelas boas oportunidades que tive de mostrar meu trabalho e me sinto muito otimista com o futuro.
Tem um novo projeto em vista?
Estou com várias ideias para desenvolver novas novelas, minisséries, seriados, peças teatrais e até um romance, mas ainda não tenho uma proposta concreta de outra emissora ou produtora. Com dezoito anos de experiência como roteirista, treze na Rede Globo e cinco na Rede Record, estou confiante de que terei novas oportunidades em breve.
Fonte: Veja