sábado, 31 de outubro de 2009
Helena não agrada em “Viver a Vida”
Desde o início da novela pipocaram críticas maldosas sobre a atuação de Taís Araújo, como Helena em “Viver a Vida”. Dezenas de sites lançaram enquetes e em comum apontam sempre o descontentamento dos telespectadores. Uma revista especializada em fofocas da TV pede, em matéria de capa, a morte da personagem, como se essa prática de eliminar protagonistas fosse absolutamente comum na teledramaturgia.
Pois bem, os dias foram passando e a razão de tamanho descontentamento tem vindo à tona. Segundo dizem, o grande mérito dos trabalhos de Manoel Carlos é o realismo com que ele expressa a vida, os sentimentos e a alma de seus personagens, porém uma análise mais detalhada transforma em pó essa afirmativa. Os personagens de sua novela parecem viver em um outro Brasil. Ricos e abastados, vivem num Leblon que remete a Miami: todos são chiques e sofisticados, vivem em sobrados suntuosos, tomam vinhos finos, comem comidas caras e passam a maior parte do tempo discutindo futilidades. E nesse universo se inclui a Helena de Taís Araújo.
Não é o fato de ela ser jovem ou negra que tem jogado contra, mas sim o fato de a personagem não ter o que conquistar. Ela não tem uma trajetória na trama. Saiu de onde? Vai pra onde? Em busca do quê? Helena é linda, rica, famosa, bem sucedida, conquistou um marido milionário, com pinta de galã... O que mais lhe falta? O que se subtende disso tudo é que o público quer ver ação. Quer ver os personagens na luta, buscando alguma coisa, conquistando alguma coisa... O ser humano é um eterno insatisfeito, está sempre em busca de algo, do além, do desconhecido. Aliás foi essa eterna busca que possibilitou o avanço e as grandes descobertas da humanidade. E esse desejo também se reflete na dramaturgia.
Segundo informações, as tramas de “Viver a Vida” sofrerão grandes reviravoltas após o acidente em que Luciana ficará paraplégica. E certamente já deve ter gente pensando em antecipar essa reviravolta depois que a novela das 7 vem colando no ibope da novela do horário nobre. Quem sabe assim a novela não comece de verdade? Tomara, porque até o momento a única unanimidade em “Viver a Vida” são os depoimentos exibidos ao final de cada capítulo.
“Caras e Bocas” supera “Viver a Vida” no ibope
O que parecia improvável aconteceu: a novela “Caras e Bocas” registrou audiência superior à da novela “Viver a Vida”. O inusitado fato aconteceu no dia 28/10, quarta-feira, na região metropolitana de São Paulo e por um placar apertado: 36 X 35. Mas nem esse mísero pontinho diminui o mérito da conquista. Segundo o que sempre se acreditava, programas que entram no ar mais tarde tendem a ter audiência maior.
Esse fato levanta algumas questões: porque uma novela das 8, produção muito mais bem cuidada, rica em cenas gravadas em vários lugares do mundo, vem tendo dificuldade em se firmar enquanto uma novela de produção bem mais modesta vem conquistando cada vez mais telespectadores? A resposta é simples: está no estilo da narrativa e em muito depende dos nossos colegas roteiristas. Enquanto Manoel Carlos se arrasta com uma narrativa morna, com cenas longuíssimas, discutindo futilidades como decoração, bebidas, roupas e tratamentos de beleza, Walcyr Carrasco aposta em uma trama ágil, dinâmica, cheia de aventuras e reviravoltas. Embora muitos digam que o grande trunfo das novelas do Maneco seja o realismo e a sensibilidade com que ele trata os sentimentos e o dia a dia, há quem discorde disso e com razão: os personagens do Maneco parecem não viver no Brasil. A maioria vive no Leblon, circula em carrões importados, helicópteros e iates. Os empregados devem receber rios de dinheiro, porque não têm problemas e vivem rindo de orelha a orelha. As mulheres são mais fúteis impossíveis... Onde está a realidade nisso? Outro ponto positivo da novela das 7 foi a antecipação. A novela usou a mesma tática de João Emanuel Carneiro em “A Favorita”, que ao invés de guardar o grande segredo da história para o último capítulo, antecipou a revelação para o meio da história e com isso desencadeou uma sequência de reações em diversos núcleos. No caso de “Caras e Bocas” a revelação bombástica diz respeito ao macaco Xico, que é o verdadeiro pintor dos quadros.
Enfim, “Caras e Bocas” recuperou a audiência das 19 horas e aponta para um novo caminho: o público prefere tramas ágeis e dinâmicas, muito mais parecidas com o dia a dia das grandes cidades. E fica um recado para os colegas roteiristas: fiquem de olho!
“Norma” é rifado da programação da Globo
Inesperadamente a Globo repetiu uma atitude reprovável que é muito comum nas emissoras que disputam a vice-liderança: retirou do ar, sem avisos prévios, o programa “Norma” capitaneado por Denise Fraga.
Segundo comentam nos bastidores, a atriz está inconsolável com tal atitude. Não só ela, mas toda a equipe.
Curioso é que uma atitude destas tenha partido da emissora, que em outras épocas, diante de outros fracassos como Os Maias, Hoje é Dia de Maria 2, O Jogo, Som & Fúria e etc., adotou uma postura sensata, ao afirmar que aposta na qualidade de seus produtos, no respeito ao telespectador e não se baseia apenas em mera briga por audiência. Este episódio é um sinal dos tempos e mostra que as coisas estão mudando...
Para nós, roteiristas, fica uma reflexão:
“Norma” era um programa que apostava num novo estilo de roteiro, construído a várias mãos, inclusive com participação do público. Ou a história era fraca, ou o formato não rendeu... A isso tudo junta-se o fato do dia e do horário. Na minha opinião o programa não combinava em nada com o que pede um fim de noite de domingo...
O que vocês acham?
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Negras em alta na TV
Não é de hoje que atrizes e atores negros reivindicam espaço na TV brasileira, também pudera: num país onde 51% da população se declara negra ou parda, isto é justíssimo. Atualmente três das cinco novelas da Globo têm protagonistas negras: Taís Araújo, em "Viver a Vida", Camila Pitanga, em "Cama de Gato", e Élida Muniz, em "Malhação". Algumas pessoas consideram isso um progresso, porque houve um tempo em que personagens negros sequer tinham nomes nas tramas. Quem afirma isso é a veterana Ruth de Souza, uma das primeiras atrizes negras a fazer TV no Brasil. Em “Sinhá Moça” (2006), seu papel não tinha nome, era apenas "a velha". Seu par, vivido pelo ator também negro Clementino Kelé, era o Pai Tobias. "Eu disse: 'Será possível que a pobre dessa personagem não tenha nem nome?'. Aí botaram Mãe Maria. E falei: 'É Mãe Maria, Pai João e o moleque de recados. Como sempre. E nós já estamos no século 21."
Entre os autores, Silvio de Abreu, que colocou uma família negra classe média na novela “A Próxima Vítima” (1995), argumenta que o problema era a falta de jovens atores negros, já que ele escreve seus personagens sob medida para determinados atores. Ou seja, primeiro ele escala o ator e depois cria o personagem.
João Emanuel Carneiro, que escalou Taís Araújo para a primeira protagonista negra no horário das 19 horas em “Da Cor do Pecado” (2004) afirma que "temos excelentes atores negros e é importante que eles não façam papéis de 'negros'".
Enfim, que os negros são belos e talentosos, ninguém tem a menor dúvida, mas eu enquanto roteirista acredito que a grande barreira sempre veio de cima dentro das emissoras. Os autores não têm problema algum em escrever e escalar atores negros. Mas o que sempre existiu foi uma barreira cultural, de que negro só poderia fazer papel de pobre, empregado, bandido, etc. Vejam o caso do cinema onde o poder de decisão é descentralizado. Ali os negros fazem papel de destaque há tempos e estão aí brilhando em centenas de títulos...
Assim como a questão da homossexualidade é um tabu que vem sendo rompido ao longo dos anos na TV brasileira, vejo que a escalação de atores negros para papéis importantes vem seguindo o mesmo caminho. Aleluia!
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sinopse de "Uma Rosa com Amor"
Para quem não conhece, segue abaixo a sinopse da novela "Uma Rosa com Amor" que o SBT apresenta no início de 2010. O texto é da colaboradora Renata Dias Gomes:
Serafina Rosa Petrone (Carla Marins), uma jovem simples, sem grandes atrativos físicos, que trabalha como secretária em uma grande empresa. Sempre solitária, ela conta com o apoio dos pais, Giovanni e Amália – papel que será interpretado por Betty Faria – e a irmã Terezinha, com os quais mora num cortiço em São Paulo, que está prestes a ser demolido. Neste local, conhece uma descendente de italianos, representada por Lúcia Alves.
Cansada das piadinhas dos colegas de escritório, ela – que é apaixonada pelo patrão, o industrial Claude Antoine Geraldi – finge ter um admirador secreto e envia, diariamente, uma rosa para si mesma.
Sem imaginar o sentimento que a moça nutre por ele, o empresário descobre a situação de pobreza dela e lhe propõe um pacto: casa-se com Serafina para legalizar sua situação no país e, em troca, lhe dá parte de sua fortuna para que ela possa garantir o futuro da família.
Certa de que, em breve, sua família e alguns amigos serão despejados do cortiço, Serafina aceita o falso casamento – que possui prazo de validade – para poder amparar as pessoas que ama.
Para manter as aparências, a jovem vai morar com o milionário com quem mantém uma ligação de gato-e-rato. Triste por ter trocado alianças com o homem a quem sempre amou e que a ‘usa’, ela não permite que o marido a toque.
Por essa razão, Claude passa a observá-la e descobre os encantos da mulher por quem se apaixona. Mas, toda vez que os dois tentam se aproximar, a vilã Nara Paranhos de Vasconcellos – papel de Mônica Carvalho – entra em ação para acabar com o clima de romance. Jovem rica, ela, que já teve um affair com Claude, não se conforma com o fato dele ter se casado com uma mulher de origem tão humilde.
Serafina Rosa Petrone (Carla Marins), uma jovem simples, sem grandes atrativos físicos, que trabalha como secretária em uma grande empresa. Sempre solitária, ela conta com o apoio dos pais, Giovanni e Amália – papel que será interpretado por Betty Faria – e a irmã Terezinha, com os quais mora num cortiço em São Paulo, que está prestes a ser demolido. Neste local, conhece uma descendente de italianos, representada por Lúcia Alves.
Cansada das piadinhas dos colegas de escritório, ela – que é apaixonada pelo patrão, o industrial Claude Antoine Geraldi – finge ter um admirador secreto e envia, diariamente, uma rosa para si mesma.
Sem imaginar o sentimento que a moça nutre por ele, o empresário descobre a situação de pobreza dela e lhe propõe um pacto: casa-se com Serafina para legalizar sua situação no país e, em troca, lhe dá parte de sua fortuna para que ela possa garantir o futuro da família.
Certa de que, em breve, sua família e alguns amigos serão despejados do cortiço, Serafina aceita o falso casamento – que possui prazo de validade – para poder amparar as pessoas que ama.
Para manter as aparências, a jovem vai morar com o milionário com quem mantém uma ligação de gato-e-rato. Triste por ter trocado alianças com o homem a quem sempre amou e que a ‘usa’, ela não permite que o marido a toque.
Por essa razão, Claude passa a observá-la e descobre os encantos da mulher por quem se apaixona. Mas, toda vez que os dois tentam se aproximar, a vilã Nara Paranhos de Vasconcellos – papel de Mônica Carvalho – entra em ação para acabar com o clima de romance. Jovem rica, ela, que já teve um affair com Claude, não se conforma com o fato dele ter se casado com uma mulher de origem tão humilde.
As novas contratações do SBT
Tenho acompanhado com certo otimismo as notícias das últimas contratações do SBT. Betty Faria, Lúcia Alves e Carla Marins, além de Mônica Carvalho, que estava na Record, são nomes de peso e certamente em muito vão contribuir para a produção.
É preciso ficar atento nos próximos dias para as novas contratações. Uma novela se faz com uma média de 20 a 30 personagens fixos. Analisando por esse número pode-se afirmar que ainda estaria longe do time ideal, ainda mais considerando que falta pouco mais de um mês para o início das gravações.
Por outro lado concordo com as afirmações de Tiago Santiago: existe muita gente boa por aí, louca pra trabalhar. Quando assistimos "Vale a Pena Ver de Novo" ou mesmo os quadros do "Vídeo Show" nos damos conta de que muita gente interessante nunca mais deu as caras na TV, está sendo sub-aproveitada ou foi simplesmente esquecida...
Com uma boa pesquisa o SBT pode garimpar muito talento por aí...
É preciso ficar atento nos próximos dias para as novas contratações. Uma novela se faz com uma média de 20 a 30 personagens fixos. Analisando por esse número pode-se afirmar que ainda estaria longe do time ideal, ainda mais considerando que falta pouco mais de um mês para o início das gravações.
Por outro lado concordo com as afirmações de Tiago Santiago: existe muita gente boa por aí, louca pra trabalhar. Quando assistimos "Vale a Pena Ver de Novo" ou mesmo os quadros do "Vídeo Show" nos damos conta de que muita gente interessante nunca mais deu as caras na TV, está sendo sub-aproveitada ou foi simplesmente esquecida...
Com uma boa pesquisa o SBT pode garimpar muito talento por aí...
terça-feira, 13 de outubro de 2009
O Grande Gilberto Braga
Para nós, roteiristas, Gilberto Braga pode ser considerado um "mestre", embora muito recluso e, ao que tudo indica, pouco disposto a dividir com os humildes mortais seus vastos conhecimentos na arte de escrever.
Um roteiro de GB (para os íntimos) pode ser considerado uma verdadeira aula, como a cena da surra de Maria Clara em Laura na novela "Celebridade". Na internet é possível encontrar muitos capítulos de suas novelas disponíveis para download. Foi em um deles que me baseei e tirei dúvidas para escrever minha primeira sinopse.
São dois lados de uma mesma moeda:
Um roteirista detalhista, como GB, diz ao diretor exatamente o que ele quer da cena. Chama para si a responsabilidade de todo o desenrolar da história.
Do outro lado existem aqueles que se limitam aos diálogos e dão liberdade ao diretor para cuidar do resto, como é o caso de Walcyr Carrasco. Aí vai da personalidade de cada um... Mas prefiro o estilo de Gilberto, porque seja lá quem for o diretor sempre terá o caminho bem traçado para desenrolar a história, evitando descambar para um rumo que talvez não fosse o desejado pelo autor.
Um roteiro de GB (para os íntimos) pode ser considerado uma verdadeira aula, como a cena da surra de Maria Clara em Laura na novela "Celebridade". Na internet é possível encontrar muitos capítulos de suas novelas disponíveis para download. Foi em um deles que me baseei e tirei dúvidas para escrever minha primeira sinopse.
São dois lados de uma mesma moeda:
Um roteirista detalhista, como GB, diz ao diretor exatamente o que ele quer da cena. Chama para si a responsabilidade de todo o desenrolar da história.
Do outro lado existem aqueles que se limitam aos diálogos e dão liberdade ao diretor para cuidar do resto, como é o caso de Walcyr Carrasco. Aí vai da personalidade de cada um... Mas prefiro o estilo de Gilberto, porque seja lá quem for o diretor sempre terá o caminho bem traçado para desenrolar a história, evitando descambar para um rumo que talvez não fosse o desejado pelo autor.
domingo, 11 de outubro de 2009
A divertida "Cama de Gato"
Uma semana no ar é muito pouco para se avaliar uma novela, mas pelo menos por enquanto "Cama de Gato" já disse a que veio. A novela tem história, é ágil, tem personagens engraçados e cativantes. Tenho ouvido muitos elogios do povão e também de gente entendida do assunto.
Para nós, roteiristas, fica demonstrado mais uma vez o que a gente tá careca de saber: a TV brasileira precisa de sangue novo. Novos roteiristas e oportunidades para tanta gente talentosa que existe por aí. Quem sabe um dia não assuma os cargos de chefia alguém com a mente aberta, que queira implantar uma "Casa de Criação", como tentou Doc Comparato...
Embora Duca Rachid e Thelma Guedes não possam ser consideradas "novatas", elas conseguiram o que pode ser considerado uma façanha: emplacar novela própria em pouco tempo. Vide o caso de Tiago Santiago que criou raízes na Globo e só conseguiu seu objetivo na Record. Vide o caso de Andrea Maltarolli que nos deixou sem que seu imenso potencial fosse aproveitado... Penso que alguns desses "dinossauros" da dramaturgia deveriam fazer aparições bissextas, como Silvio de Abreu, e deixar o caminho livre para novos talentos.
Para nós, roteiristas, fica demonstrado mais uma vez o que a gente tá careca de saber: a TV brasileira precisa de sangue novo. Novos roteiristas e oportunidades para tanta gente talentosa que existe por aí. Quem sabe um dia não assuma os cargos de chefia alguém com a mente aberta, que queira implantar uma "Casa de Criação", como tentou Doc Comparato...
Embora Duca Rachid e Thelma Guedes não possam ser consideradas "novatas", elas conseguiram o que pode ser considerado uma façanha: emplacar novela própria em pouco tempo. Vide o caso de Tiago Santiago que criou raízes na Globo e só conseguiu seu objetivo na Record. Vide o caso de Andrea Maltarolli que nos deixou sem que seu imenso potencial fosse aproveitado... Penso que alguns desses "dinossauros" da dramaturgia deveriam fazer aparições bissextas, como Silvio de Abreu, e deixar o caminho livre para novos talentos.
sábado, 10 de outubro de 2009
O estilo "Maneco" de escrever
Eu não sei explicar o sucesso das novelas do Manoel Carlos, mas que são chatas pra burro, isso eu acho. Não perco o meu tempo com elas. É apenas uma opinião pessoal.
De fato tenho de reconhecer que ele tem uma habilidade nata para extrair os mais profundos sentimentos do ser humano, capta a alma, independente do tema abordado. Por outro lado, exagera ao extremo na dose em detrimento da ação, do avançar da trama. E a prova de que suas novelas são vazias de tramas é aquela quantidade infindável de personagens (inclusive barrada pela Globo em Viver a Vida).
Em resumo: uma centena de persongens (alguns aparecem de 15 em 15 dias), horas e horas falando de comida, bebida, cabelo, casa, paisagem; horas e horas de bossa nova (agora introduziram Mariah Carey na trilha), um Leblon que mais parece Miami (só existem ricos e abastados), uma trupe de empregados felicíssímos que vivem sendo elogiados e rindo para as paredes, uma criança chata e insuportável (que é um péssimo exemplo para os nosso filhos), e com isso faz-se uma novela.
O que tenho reparado ultimamente é que a maioria desses grandes nomes da dramaturgia não aplicam essas técnicas de roteiro que aprendemos nos cursos e cursinhos.
Sugiro aos colegas roteiristas a assistirem um capítulo de alguma novela atentando unicamente para este detalhe: a construção de cada cena e da trama em si. Depois assistam alguma coisa escrita por Doc Comparato, por exemplo, que é um autor com conhecimento técnico. A diferença é enorme...
Logo chego à conclusão de que o fato de estarem ali, naquela posição, é apenas uma questão de oportunidade e não de conhecimento técnico.
De fato tenho de reconhecer que ele tem uma habilidade nata para extrair os mais profundos sentimentos do ser humano, capta a alma, independente do tema abordado. Por outro lado, exagera ao extremo na dose em detrimento da ação, do avançar da trama. E a prova de que suas novelas são vazias de tramas é aquela quantidade infindável de personagens (inclusive barrada pela Globo em Viver a Vida).
Em resumo: uma centena de persongens (alguns aparecem de 15 em 15 dias), horas e horas falando de comida, bebida, cabelo, casa, paisagem; horas e horas de bossa nova (agora introduziram Mariah Carey na trilha), um Leblon que mais parece Miami (só existem ricos e abastados), uma trupe de empregados felicíssímos que vivem sendo elogiados e rindo para as paredes, uma criança chata e insuportável (que é um péssimo exemplo para os nosso filhos), e com isso faz-se uma novela.
O que tenho reparado ultimamente é que a maioria desses grandes nomes da dramaturgia não aplicam essas técnicas de roteiro que aprendemos nos cursos e cursinhos.
Sugiro aos colegas roteiristas a assistirem um capítulo de alguma novela atentando unicamente para este detalhe: a construção de cada cena e da trama em si. Depois assistam alguma coisa escrita por Doc Comparato, por exemplo, que é um autor com conhecimento técnico. A diferença é enorme...
Logo chego à conclusão de que o fato de estarem ali, naquela posição, é apenas uma questão de oportunidade e não de conhecimento técnico.
Problemas do horário das 6 da Globo
Segundo nota da imprensa, a Globo recusou 3 sinopses de autores consagrados da casa para o horário das 6 da tarde. Walther Negrão, Maria Adelaide do Amaral e Elisabeth Jihn tiveram seus trabalhos recusados por um "Fórum de Autores" que os avaliou.
Para resolver a situação, Manoel Martins convocou Alcides Nogueira para escrever às pressas uma sinopse para uma trama rural. E com recomendações bem específicas: história contemporânea, mostrando o novo rural do Estado de São Paulo – pujante e com muito dinheiro – e seguindo a linha folhetim clássico.
Esse negócio de autor avaliar trabalho de autor é uma idéia de jirico da direção da Globo. Nós, roteiristas, que acompanhamos o trabalho deles na mídia sabemos muito bem que existe uma guerra de egos entre eles e não fazem outra coisa a não ser descer o porrete no trabalho uns dos outros. Aguinaldo Silva detesta o merchandising social de Gloria Perez, que detesta os homens pelados do Carlos Lombardi, que detesta as cenas vazias do Manoel Carlos e por aí vai... Pouquíssimas vezes vi algum deles elogiar os companheiros...
O que a Globo precisa é um departamento chefiado por alguém realmente competente e conhecedor do assunto para decidir o que vai ou não ao ar, alguém como um Boni, Daniel Filho, entre outros. Esse tal "fórum de autores" é a maior roubada...
Quanto à ida para outras emissoras, não sei se os caminhos estão tão abertos assim. A Band deixou a dramaturgia de lado. A Record esqueceu as novelas e se concentrou no lucro fáceil de "A Fazenda" e enquanto esse formato não chafurdar (como aconteceu na Globo com Big Brother 2), não voltará a levar à sério suas novelas. No SBT pelo visto a coisa não decola. Querem emplacar a terceira novela seguida com o mesmo elenco. Nenhum cristão aguenta uma provação dessas...
Enfim, é aguardar pra ver no que dá...
Para resolver a situação, Manoel Martins convocou Alcides Nogueira para escrever às pressas uma sinopse para uma trama rural. E com recomendações bem específicas: história contemporânea, mostrando o novo rural do Estado de São Paulo – pujante e com muito dinheiro – e seguindo a linha folhetim clássico.
Esse negócio de autor avaliar trabalho de autor é uma idéia de jirico da direção da Globo. Nós, roteiristas, que acompanhamos o trabalho deles na mídia sabemos muito bem que existe uma guerra de egos entre eles e não fazem outra coisa a não ser descer o porrete no trabalho uns dos outros. Aguinaldo Silva detesta o merchandising social de Gloria Perez, que detesta os homens pelados do Carlos Lombardi, que detesta as cenas vazias do Manoel Carlos e por aí vai... Pouquíssimas vezes vi algum deles elogiar os companheiros...
O que a Globo precisa é um departamento chefiado por alguém realmente competente e conhecedor do assunto para decidir o que vai ou não ao ar, alguém como um Boni, Daniel Filho, entre outros. Esse tal "fórum de autores" é a maior roubada...
Quanto à ida para outras emissoras, não sei se os caminhos estão tão abertos assim. A Band deixou a dramaturgia de lado. A Record esqueceu as novelas e se concentrou no lucro fáceil de "A Fazenda" e enquanto esse formato não chafurdar (como aconteceu na Globo com Big Brother 2), não voltará a levar à sério suas novelas. No SBT pelo visto a coisa não decola. Querem emplacar a terceira novela seguida com o mesmo elenco. Nenhum cristão aguenta uma provação dessas...
Enfim, é aguardar pra ver no que dá...
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