Não restam dúvidas de que Félix é o grande
destaque de ‘Amor à Vida’. O personagem, além de ser muito bem escrito, está em
excelentes mãos. Mateus Solano está dando um show de interpretação na pele do
vilão que o público já ama odiar!
Em entrevista exclusiva ao Folhetim, Mateus
Solano afirma que o sucesso de Félix foi feito a muitas mãos. “Ele é cheio de
tiradas e bordões, além de ter uma história de vida que sustenta o personagem.
Toda esta pinta que ele dá é fundamental”, diz.
E por falar em pinta, existe algum excesso em
Félix? Para o ator, não. “O Félix tem um lado do Félix inverossímil, mas que é
também a parte mais deliciosa dele. Como um cara que está no armário dá tanta
pinta? Mas se ele não desse tanta pinta, não seria tão delicioso”, opina.
Sobre o final de seu personagem, Mateus é
categórico: “Desejaria que o Félix, de alguma forma, pagasse por tudo o que
está fazendo e fosse muito feliz com alguém na prisão”, brinca.
Confira a entrevista com Mateus Solano:
O Félix
já é um sucesso, o que você acha que contribuiu para isso?
É um trabalho feito a muitas mãos e uma
vontade muito grande de que ele desse certo. O Félix já foi escrito por Walcyr
Carrasco para ser um sucesso. Ele é cheio de bordões e tiradas, e, ao mesmo
tempo, tem uma história de vida que sustenta o personagem. Toda esta pinta que
ele dá também é fundamental.
Para
Mateus Solano, Pilar (Suzana Vieira) alimentou o monstro que existe dentro do
filho
Mauro Mendonça Filho (diretor), que me chamou
para atuar na novela, junto com o Walcyr, foi quem deu todo o lado sombrio do
Félix, fazendo-o ser cegamente mau. Já o Sérgio Pena, preparador de elenco,
trouxe toda a questão pscicológica que existe por trás do Félix. Discutimos
tudo o que havia acontecido com este personagem antes da novela começar. A
relação com o pai, a não aceitação de sua homossexualidade, sua sede pelo poder
e a mãe, que alimenta este monstro ainda mais. E aí vem o Wolf (Maya - diretor
de núcleo) para tirar esta bicha do armário e deixá-lo mais alegre e
extrovertido. A minha parte, finalmente, é usar a palavra do Walcyr com todas
estas observações.
Como
você se preparou para interpretar o Félix?
Li sobre a maldade e todas as circunstâncias
que podem tornar uma pessoa em alguém sem escrúpulos. Também estudei sobre o
nazismo para entender a sedução pelo poder e o poder através da sedução.
Afinal, o Félix é um grande sedutor.
Como
juntar humor e vilania?
Tudo começou pelo sombrio, então toda a parte
engraçada vem de um lado mau, parte do sombrio. As piadas do Félix nunca são
leves, sempre machucam e partem de uma parte também machucada, má e invejosa.
Este foi um caminho bacana.
Por que
o público gosta tanto de um vilão?
Isso tem um lado bacana, pois o vilão diz
umas coisas que na vida não podemos dizer, para não perder o amigo, a namorada
ou o emprego. Às vezes você fica o dia inteiro dizendo bom dia e boa tarde, não
está bem e chega em casa, relaxado, e vê aquela bicha dizendo aquelas
barbaridades que, muitas vezes, ficaram presas na garganta da gente. Por outro
lado, se olharmos para trás, torcia-se muito mais pelo mocinho. Hoje existe uma
torcida pelo vilão, o que eu acho preocupante. É quase uma inversão de valores.
Ou estamos muito reprimidos. É na internet, com seu anonimato e liberdade, que
vemos o Félix que existe dentro das pessoas. As pessoas são muito cruéis com as
outras.
O César
(Antonio Fagundes) é o grande culpado pelo desvio de caráter do Félix?
Não pode-se colocar a culpa em apenas uma
pessoa. O Félix tem que ser responsável pelos atos dele. O Félix é muito
infantilizado, não cresceu, pois ficou preso na saia da mãe. Tem uma série de
coisas que o tornaram quem ele é: o pai que não aceita e rejeita, a mãe que o
aceita demais e dá tudo, além, claro, do poder. Ele tem muito poder e tem paixão
pelo poder. Isso tudo alimenta este monstro que existe dentro dele... aliás, de
todos nós. O Félix é tão esperto que ele usa isso tudo, infantilmente, ao seu
favor. É através da verdade dele que ele comove as pessoas.
Paloma
e Félix no começo da novela
A
Paloma (Paolla Oliveira) não enxerga o irmão que tem. Isso não é muito surreal?
É surreal sim e não acontece apenas com a
Paloma, mas sim com a família toda. Nunca podemos esquecer que estamos falando
de um folhetim, e não de um documentário, então certas coisas são permitidas e,
convencionalmente, temos que aceitar. Tem um lado do Félix incrível,
inverossímil, mas que é também a parte mais deliciosa dele. Como um cara que
está no armário dá tanta pinta? E se não desse tanta pinta, não seria tão
delicioso. O Walcyr tem sido muito inteligente em colocar na boca de alguns
personagens que Félix é gay e o César, por exemplo, nega. Assim podemos
perceber que o que acontece é uma cegueira generalizada. É uma família que nega
que o filho é gay e que não conseguiu perceber a gravidez da própria filha. A
Paloma é fruto desta família e age de acordo com esta cegueira. É uma família
doente e deu para perceber isso desde a primeira cena. Isso é bem arquitetado,
o que justifica uma possível inverossimilhança de uma coisa ou de outra. Mas eu
e a Paola (Oliveira) já estamos começando a trabalhar em cima desta Paloma mais
esperta, uma Paloma que está passando por isso tudo e que não vai mais engolir
tanto sapo.
‘Amor à
Vida’ terá um “quem matou Félix”?
(risos) O que tem de gente com vontade de
matá-lo... mas não tem nada previsto neste sentido.
Você
gostaria que Félix ficasse com Jacques (Júlio Rocha)?
Nunca desejaria o Jacques pro Félix. O
Jacques também é mau caráter e só alimentaria este lado do Félix. Seria uma
dupla de vilões que ama o poder e o dinheiro, nada mais.
Que
final gostaria que Félix tivesse?
Desejaria que o Félix, de alguma forma,
pagasse por tudo o que está fazendo. Ele é um personagem tão rico que pode ter
um milhão de finais diferentes, mas ele encontrar o grande amor dele na prisão
até que seria legal (risos).
Fonte: Yahoo