sexta-feira, 2 de abril de 2010

Falta de rumos e conflitos marcam personagens de “Viver a Vida”


Todos sabem que novela é uma obra aberta e que na maioria das vezes algumas situações são redesenhadas para se adaptarem à realidade da trama na sua missão de conquistar o telespectador.

Algumas vezes estas reviravoltas, sacadas das mangas dos autores, até tornam a história mais interessante do que seria na sua versão original.

É normal dentro de uma determinada lógica. Mas isso não é o que acontece em “Viver a Vida”, onde personagens sem rumo e sem conteúdo são jogados de um lado para outro da história cumprindo apenas a tão nobre missão de tapar buraco e preencher os capítulos.

O caso mais recente é o da jornalista Malu, que vai se engraçar com Carlos, o personal trainer que há “n” capítulos tenta engatar um caso com a socialite Betina.

Outro sem rumo é Marcelão, namorado de Malu, que já havia sido inserido na trama para tapar buraco. Depois de ter sido dada como encerrada sua participação na história, eis que o brutamontes surge numa cena (apenas para preencher o capítulo), mas sua volta não ganhou força e ele desapareceu de novo...

No começo a dupla de atrapalhados Malu-Gustavo até tinha alguma graça. Mas todos hão de concordar que não dá pra passar 200 capítulos de uma novela contando a mesma piada sem que nada de novo aconteça.

Tem também o caso de Jorge, esse sim, bem complicado. Como se um relacionamento amoroso à dois já não fosse complicado o bastante, acrescentaram uma terceira pretendente e depois, pasmem, uma quarta! Tudo oscilando entre o nada e o coisa alguma, na mesma superficialidade de sempre.

E há ainda o caso de Ariane, aquela médica que perdeu o marido logo nos primeiros capítulos da novela. Passou “n” deles servindo de muleta para as cenas das amigas. De repente lhe arranjaram um possível pretendente, o marido de uma paciente em fase terminal. Não se sabe se ficaram com pena de matar a esposa, ou se a história repercutiu mal na opinião pública. O fato é que o romance da pobre Ariane não decolou. Aí, de repente, do nada, eis que Ariane se interessa por quem? Ele mesmo: Jorge!

Tem ainda o núcleo de Búzios, que também só serve de figuração e não tem história própria...

Há ainda o caso de Teresa que passou 120 capítulos se lamuriando por causa do ex-marido e agora que finalmente apareceu um outro ex, nada garante que o casal engatará romance, porque a dita cuja só pensa e fala de Marcos...

Tem o fotógrafo Bruno que é de uma superficialidade impressionante. O cara tira onde de bacana, anda em carrões, viaja o mundo inteiro apenas tirando fotos em batizados, e alguns “freela” para agências de modelo... Mais surreal impossível...

Marcos está cambaleando nas finanças desde o início da trama, mas continua tirando onda de bacana, gastando às pampas e bancando festas suntuosas, comprando carros, lanchas, etc. Sua situação financeira se sustenta à beira do precipício há 120 capítulos...

A história não tem ganchos, os personagens não têm dilemas, não têm contradições. Basta analisar a situação do casal protagonista. Marcos está atraído por Dora. Helena está atraída por Bruno. O que impede que Marcos fique com Dora? O que impede que Helena viva sua paixão com Bruno? Só o casamento. Então é simples: é só um dos dois romper o casamento e pronto! Acabou a história! Onde está o drama? Onde está o dilema?

Enfim, é um samba do crioulo doido...

Tirando a história de Luciana e os depoimentos exibidos ao final de cada capítulo, o que se salva em “Viver a Vida”?

Das duas uma: ou Maneco comanda essa trama com mãos de ferro e quer que o barco afunde, desde que esteja sob seu comando, ou aquela equipe de cinco ou seis colaboradoras não está adiantando de nada...

E antes que alguém desça a lenha nos críticos, sugiro que dê uma olhada nos números do ibope...

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