terça-feira, 21 de junho de 2011

Lucélia Santos espera convites para voltar à TV


Baixinha e elétrica, Lucélia Santos aparenta ter mais do que o seu 1,55 metro. Principalmente quando gesticula para falar de sua carreira. Estrela aos 18 anos depois de estrear (e estourar) na televisão como protagonista de "Escrava Isaura", ela não viu sua última participação no vídeo ir ao ar - estava em um dos episódios da série "Aline", cancelada pela Globo no início de março. Em cartaz na capital paulista com a peça "Avalon", a atriz deve continuar ausente do veículo responsável por sua fama em escala mundial neste 2011. E esse não é um ano qualquer: a trama da escrava branca sofredora, escrita por Gilberto Braga em 1976, completa 35 anos, enquanto "Sinhá Moça", outro sucesso de vendas no exterior protagonizado por ela, chega aos 25.

- Tenho uma história estabelecida na teledramaturgia, mas não fico em casa chorando o leite derramado. Sou prática e nunca me queixei. Se não tenho um contrato seguro com a TV, trabalho de outra maneira. Sou produtora e faço teatro. Estaria tensa se não gostasse do palco - fala a atriz, diante de uma xícara de café num restaurante da Barra da Tijuca, bairro onde mora cercada por três cachorros, três gatos e uma tartaruga.

Aos 54 anos, Lucélia acredita ter feito a sua parte para reverter o jogo ao ver os convites para atuar na TV minguarem nos últimos anos:

- Muitas vezes procurei as pessoas. Liguei para o Geraldo Carneiro quando soube que ele iria fazer "O astro" ( o autor escreve com Alcides Nogueira o remake da novela de Janete Clair). Mas não tive retorno. Se as pessoas não me querem, o que fazer? Não sou melodramática.
Ela tampouco se diz temperamental. E jura não ter brigado com ninguém.

- Sou muito independente e não faço questão de estar na mídia. Tenho uma outra natureza e nem gosto de ser muito invadida. Sou uma popstar do mundo até hoje. Isso não é datado. Mas ando de metrô em qualquer lugar, até no Rio e em São Paulo - conta Lucélia, famosa em países como Cuba e China por conta de "Isaura".

A atriz não sabe explicar o fascínio que a história da escrava subjugada pelo tirano Leôncio (Rubens de Falco) ainda exerce nos telespectadores mundo afora.

- Eu não consigo analisar ou avaliar, mas sei de gente que vive para a novela até hoje. Existem fã-clubes. Acho que tem a ver com a qualidade dramatúrgica, com o frescor. Fiz muita novela numa época em que as protagonistas eram fortes. Minha carreira é marcada por tipos com uma vibração, um poder. Em "Guerra dos sexos" (1983), fui antagonista e era esbofeteada em cena pela Fernanda Montenegro - recorda.

Lucélia diz não perder o sono tentando entender as razões que a mantêm longe da TV.

- Essa pergunta tem que ser feita para os diretores e autores. Tenho uma mente aberta e disponibilidade. Só não estou mais presente por falta de convites. Mas devo ser uma das atrizes que mais gostam de fazer TV. Gosto dessa prática e sou um rato desse meio - frisa Lucélia, que estreou no teatro aos 14.

Diretor de "Aline", Maurício Farias conta que a participação de Lucélia, como mãe do personagem do seu filho, o ator Pedro Neschling, poderá ser vista em breve.

- Vamos lançar a temporada completa em DVD e estamos negociando a exibição em um canal a cabo - adianta o diretor: - Lucélia é um ícone, uma grande atriz. Foi muito divertido tê-la no set do programa.

Longe dos folhetins desde "Cidadão brasileiro", exibida em 2006 pela Record, a intérprete de Isaura foi uma das protagonistas em "Donas de casa desesperadas", versão brasileira do seriado "Desperate housewives", produzida pela Rede TV!, em 2007. Na Globo, seu último papel de destaque foi Jackeline Lemos, na temporada 2001 de "Malhação".

- Não faço novela mesmo na Globo desde "Sinhá Moça". E nem sei como seria estar numa produção hoje em dia. Estive em tramas que deram 70 pontos. A audiência hoje é mais fragmentada. "Cidadão brasileiro" dava 17 e as pessoas comemoravam na Record - compara.
Franca, Lucélia pula de um assunto para outro sempre e faz questão de deixar clara a sua opinião. Sobre drogas, por exemplo, ela fala abertamente, sem rodeios:

- As pessoas da minha geração experimentaram, mas nunca fui adicta de nada. A maior droga que uso é o café. Amo cafeína. Considero o cigarro e o álcool drogas pesadas. E os que tomam remédio para dormir até sem receita? Há muita hipocrisia sobre isso. Não considero maconha droga. Sou a favor da liberação. Pronto, falei! Chega de demagogia. Se o cara compra droga na farmácia, a cocaína vai gerar ICMS e acaba a figura do traficante.
Par de Lucélia em "Escrava Isaura", Edwin Luisi classifica a amiga como uma mulher politizada e centrada, mas que também carrega uma leveza.

- Demoramos para nos beijar na novela. No dia da cena, fomos com tanta fúria que ela quase quebrou o meu dente. Ficamos grudados e, depois, caímos na risada - lembra o ator.
Filho da atriz com o maestro John Neschling, o ator Pedro Neschling também destaca o lado descontraído da mãe.

- Uma vez, uma colega de novela reclamou que não tinha tempo de fazer compras e que o filho não tinha leite na geladeira. Minha mãe respondeu: "Lá em casa resolvemos esse problema. Substituímos o leite por champanhe no café da manhã" - diverte-se Pedro, que define Lucélia como "a mãe dos sonhos": - Ela é parceira, amiga, carinhosa, dedicada, incentivadora... Um pouco carente de vez em quando, mas isso faz parte da profissão de mãe.

Também faz parte desse ofício sentir uma certa culpa. E Lucélia reconhece não ter sido sempre muito presente.

- Nunca tive tempo para cuidar das atividades da rotina, mas carregava o Pedro para todos os lugares. Não sei se fui boa mãe, mas me esforcei - garante.
Budista praticante e vegetariana há quase 30 anos, Lucélia jura ser pouco vaidosa:

- Pedro vai fazer 29 anos e parei de comer carne vermelha quando ele nasceu. Fiquei sem comer até peixe, por anos. Quando era menina, uma mulher da minha idade era considerada velha. Hoje, temos a medicina, as vitaminas e o tratamento ortomolecular do nosso lado.
Cirurgia plástica também não é tabu para ela.

- Queria fazer o que todas fazem! Estou louca para fazer, mas tenho medo e fico adiando. Hoje, prefiro ter as minhas marcas. É melhor do que encher a cara de Botox. Minha cara é meu patrimônio - diz.

Fonte: O Globo

2 comentários:

  1. Gostaria de Vê-la em uma novela do Gilberto Braga, no remake de Guerra dos Sexos ou em Gabriela, novela em que a atriz fez testes para estrear na TV. O público espera este retorno em grande estilo, dessa grande talentosa atriz. Você faz muita falta.

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  2. Sou fã de Lucélia Santos, ela faz uma falta imensa na TV. Volta o público a espera para dar um show. você é grandiosa e talentosa. volta em 2012 Lucélia, Volta!!!

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