quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Lauro César Muniz faz um balanço ao final de “Poder Paralelo”


"Poder Paralelo" chega à reta final. A novela, que registra média de 11 pontos no Ibope, termina no próximo dia 2. O autor da trama, Lauro César Muniz, faz um balanço sobre seu folhetim e revela que se viu obrigado a mudar os rumos de alguns personagens por conta das gestações das atrizes Patrícia França, Maria Ribeiro e Beth Coelho. Tudo isso deixou o autor tão estressado que ele chegou a deixar a trama por um tempo.  "Tive um estresse por volta do capítulo 70, fiquei um pouco afastado da novela, que sofreu uma queda de qualidade e, consequentemente, de audiência", disse.

Leia, abaixo, uma entrevista exclusiva com o autor Lauro César Muniz.


UOL: Quais foram os pontos positivos de "Poder Paralelo"?

Lauro César Muniz: "Poder Paralelo" foi o meu melhor trabalho para a televisão nos últimos anos. E não adiantaria escrever uma novela forte sem uma direção segura: Ignácio Coqueiro conduziu muito bem o trabalho, o elenco de maneira geral correspondeu às minhas expectativas, a produção foi muito superior à média da emissora, enfim, um saldo positivo.

UOL: Existe alguma trama que, na sua opinião, poderia ter sido melhor desenvolvida? Qual?

Lauro César Muniz: Houve alguns acidentes de percurso que ameaçaram algumas tramas: incrível mas houve várias gravidezes na novela, além, da gravidez de ficção de Fernanda (Paloma Duarte): a Patrícia França, a Maria Ribeiro e a Beth Coelho engravidaram. Com isso tive que desviar o rumo das personagens que elas viveram, a Nina, a Marília e a Vânia, respectivamente. Eu mesmo tive um estresse por volta do capítulo 70, fiquei um pouco afastado da novela, que sofreu uma queda de qualidade e, consequentemente, de audiência. Cheguei a pensar que tivesse perdido a novela, mas, sob cuidados médicos recuperei minha vitalidade e aos poucos fui retomando a trama até colocá-la de novo nos trilhos.

UOL: Você voltou para a Record depois de 35 anos longe da emissora. Como você avalia o núcleo de teledramaturgia da Record hoje?

Lauro César Muniz: Vivi os anos românticos da TV Record sob a administração do Paulinho Machado de Carvalho. A Record era líder absoluta de audiência. Lá fiz "As Pupilas do Senhor Reitor" e mais duas novelas. Hoje, com outra administração e dentro de um processo menos romântico de administração, a teledramaturgia se firma a cada dia. Tempos muito diferentes da década de 70. O RecNov é um espaço de produção de excepcional qualidade, tecnologia de ponta, equipamentos de última geração nos estúdios e finalizações. Falta apenas a atual administração entender que os autores, atores, atrizes e diretores e técnicos precisam de diálogo. Temos muito a contribuir com nossa experiência, podemos ajudar a emissora a crescer. Não se pode prejudicar uma novela como "Poder Paralelo" alterando constantemente seu horário de exibição e fracionando o tempo dos capítulos para servir a reality shows que não são a base fundamental da programação. As colunas de sustentação da programação de uma rede de TV aberta brasileira, ainda está fundamentada em telenovelas. Aí estão "Poder Paralelo" e "Bela, a Feia", ocupando as lideranças de audiência da Record, provando a vitalidade do gênero.

UOL: Qual foi o personagem mais difícil de desenvolver?

Lauro César Muniz: Foi o Tony Castellamare, de Gabriel Braga Nunes, por ser um misto de herói e bandido. Contrariando o maniqueísmo tão em voga na dramaturgia facilitadora que está no ar há anos, Tony deu o tom da novela. "Poder Paralelo" que hoje ocupada a liderança de audiência da emissora - e a liderança dos programas fora da Rede Globo - prova que o público aceita e quer personagens mais complexos. Fiquei feliz em saber que a palavra de ordem da direção artística da Record recomendou a seus autores que o modelo para o horário mais avançado era a minha novela e não as novelas esquemáticas.

UOL: Quais são seus planos para depois que a novela terminar? É verdade que você vai escrever uma minissérie?

Lauro César Muniz: Para televisão não tenho nada pensado. Preciso descansar e me recuperar desse estresse que continua latente. Vou escrever uma nova peça de teatro.

UOL: Você já pensa numa próxima novela, já que seu contrato com a Record vai até 2015?

Lauro César Muniz: Não! Penso em viajar muito tempo, caminhar muito... Há dois meses eu não calçava os meus sapatos!

UOL: "Poder Paralelo" explorou bastante as cenas de violência. Em todos os capítulos da trama tem alguém segurando uma arma. Na sua opinião, a violência foi usada na medida certa ou pode ter havido um exagero?

Lauro César Muniz: Não houve exagero. "Poder Paralelo" se insere em um gênero que agrada pela ação forte (tiroteios, bombas, lutas, etc): o gênero policial, vertente gangsterismo/mafia tão explorado pelo cinema. O público que se interessa e acompanha este tipo de novela quer ver ação forte, explosiva. É verdade que sempre tem alguém segurando uma arma nessa novela, assim como em "Chiquinha Gonzaga", minha minissérie, sempre havia alguém tocando piano... Ou se assume o gênero ou se trai o público.

UOL: Quem foi o ator revelação da trama? Por quê?

Lauro César Muniz: Acho que foi o Guilherme Boury, o Pedro, apaixonado por uma mulher que tem o dobro de sua idade.

UOL: Sei que você não quer revelar quem é o Guri, mas será que poderia nos dar uma pista do assassino?

Lauro César Muniz: Posso. O Guri pode ser homem ou mulher, baixo ou alto, ser do grupo do Bruno ou do Tony, heterossexual ou homossexual... O telespectador deve se perguntar: quem mataria a mamma Freda?

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