Dalton Vigh é discreto. Isso fica evidente em
sua fala pausada e no gestual contido. Mas, principalmente, ao falar sobre o
"status" de galã que lhe rendeu seu atual papel, o mocinho de
meia-idade Renê, de "Fina Estampa". "Entrar em um lugar e as
pessoas começarem a cochichar e gritar para você dá um pouco de vergonha",
explica, com ar de timidez.
No folhetim de Aguinaldo Silva seu personagem
é um chefe de cozinha e dono de restaurante que se apaixona pela simples
Griselda, de Lilia Cabral, mesmo sendo casado com a esnobe Tereza, vivida por
Christiane Torloni. "A proposta do autor é ter essa discussão entre a
essência e a aparência. Vale mais ter uma mulher linda e chique, mas
insuportável, ou uma mais simples, mas que é mulher de verdade?",
questiona.
Para interpretar um "chef"
requintado que estudou na França, Dalton teve de se dedicar a aulas de
culinária para aprender os principais segredos da cozinha. "Capto como
devo fazer a apresentação daquele alimento. Dar a ilusão de que sou um 'chef'.
Mas não preciso fazer a comida ter um gosto perfeito", explica ele, que
não costuma cozinhar fora dos estúdios.
"Sempre gostei mesmo é de comer",
brinca. Durante os exercícios, o que mais tem sido difícil é aprender a cortar
os legumes com a mesma habilidade de alguém íntimo da cozinha. "Isso só se
pega mesmo com a prática", ensina ele, que pretende dar seguimento ao que
aprendeu. "É uma terapia. Cozinhar me faz lembrar muito da minha
avó", conta.
Há poucos meses, Dalton esteve no ar não só
em "Fina Estampa", mas também na reprise de "O Clone",
folhetim de Glória Perez exibido pela primeira vez em 2001, no "Vale a
Pena Ver de Novo". Na novela ele interpretou o ciumento e apaixonado Said.
"A produção fez sucesso pela segunda vez. Mas é uma faca de dois gumes.
Gerou comparações entre os dois trabalhos", explica. E, mesmo quando
apenas a reprise estava no ar, o assédio a Dalton aumentou. "Foi só a
novela voltar para acabar o meu sossego. Se antes eu podia passar em um
aeroporto ou restaurante sem ser reconhecido, hoje não passo por um desses
lugares sem uma foto", brinca. Apesar disso, o ator acompanhou novamente o
folhetim. "Começo a perceber os cacoetes, os gestos, coisas que a gente
pode mudar ou tirar com o tempo", garante.
Com mais de 15 anos de carreira na tevê,
Dalton nunca esteve inseguro quanto à escolha de sua profissão. Quando ainda
estudava Teatro, o ator já foi chamado para estar em sua primeira novela,
"Tocaia Grande", na extinta Manchete. "É uma área difícil pela
grande concorrência. Todos buscam um espaço. Mas o principal é não desistir. As
coisas acabam acontecendo. Mas não dá para esperar, tem de estudar muito",
ensina.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário