Foram horas entre o céu e a terra até chegar
ao lugar perfeito para o começo das gravações de ‘Gabriela’: a Serra das
Confusões, dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. “Nas pesquisas
de locação me deparei com a Serra das Confusões. Ambiente rochoso com horizonte
quase infinito. Lugar ainda pouco conhecido e de beleza deslumbrante. Não tive
dúvidas que começaríamos por ali”, conta Mauro Mendonça Filho, diretor-geral da
obra escrita por Walcyr Carrasco, inspirada no romance homônimo de Jorge Amado,
e com direção de núcleo de Roberto Talma. Ao todo foram 16 dias de gravações
pelo nordeste brasileiro com mais de 200 profissionais envolvidos e quatro caminhões transportando equipamentos,
figurino, cenografia e produção de arte.
A caminhada de ‘Gabriela’ só tinha começado.
Depois do Piauí, a primeira parada na Bahia. Elenco e equipe chegaram, então,
no Junco do Salitre, sertão de Juazeiro. Foi lá, no meio da caatinga
nordestina, que foram gravadas as cenas nas quais Gabriela (Juliana Paes) se
despede de sua casa e foge com seu Tio Silva (Everaldo Pontes) da seca que
assolava o lugar. Na busca por uma vida menos sofrida na famosa Ilhéus,
Gabriela e seu tio esbarram com outros retirantes, Clemente (Daniel Ribeiro) e
Negro Fagundes (Jhe Oliveira). A terra árida, o ar sem umidade, a natureza
retorcida, o chão vermelho, compõem o cenário desta árdua travessia.
Nas próximas cenas gravadas, Gabriela e seus
camaradas chegam ao seu objetivo final. É a vez de uma nova locação: “O centro
histórico de Canavieiras, na Bahia, preserva a arquitetura típica local do
início do século XX. É o cenário perfeito para representar a Ilhéus dos anos
20, uma cidade em pleno crescimento”, explica Mauro. Lá foi gravado o encontro
de Nacib (Humberto Martins) e Gabriela. A cena contou com 150 figurantes
locais, caracterizados pela equipe de Labibe Simão, figurinista, e Juliana Mendonça, supervisora de
caracterização. Através de pesquisas iconográficas, literatura e referências
históricas, a direção de arte, liderada por Mario Monteiro, preparou
Canavieiras - por meio da cenografia e da produção de arte, assinadas
respectivamente por Marcelo Carneiro e Silvana Estrela - para viver o porto e o
mercado de Ilhéus do começo do século XX. Outra cena gravada em Canavieiras foi
a chegada pelo mar de Mundinho Falcão (Mateus Solano), com Príncipe Sandra
(Emilio Orciollo Netto) e Anabela (Bruna Linzmeyer), até porto. Em terra eram
esperados por Douglas (Jackson Costa) e Dr. Pelópidas (Ilya São Paulo).
A última parada: Ilhéus. As fazendas de
cacau, ainda existentes na cidade, serviram de paisagem para as cenas com o
coronel Melk Tavares (Chico Diaz), Negro Fagundes (Jhe Oliveira), Clemente
(Daniel Ribeiro), Coronel Altino (Nelson Xavier) e Mundinho Falcão (Mateus
Solano).
‘Gabriela’
No ano do centenário do escritor Jorge Amado,
a TV Globo prepara uma obra inspirada em “Gabriela, Cravo e Canela”, um dos
maiores clássicos do autor. A história se passa na Bahia dos anos 20, tempo em que Ilhéus vive o
apogeu da cultura do cacau. A pequena cidade foi levantada a ferro e fogo pelos
coronéis que residem e mandam por lá, liderados por Ramiro Bastos (Antonio
Fagundes), o representante do conservadorismo. Aparentemente sólida, essa hegemonia
é ameaçada pela chegada do exportador carioca Mundinho Falcão (Mateus Solano),
o progresso em pessoa. A cidade partida entre a moral conservadora e os novos
tempos mais liberais; as quengas do Bataclã e a política – todos param ao ver
Gabriela (Juliana Paes). Uma retirante da seca, que depois de atravessar a
caatinga, chega a Ilhéus a procura de emprego. Nacib (Humberto Martins), um
imigrante árabe dono do Vesúvio, bar mais conhecido do lugar, enfrenta a busca
desesperada por uma cozinheira. A oferta de um lado e a procura de outro
preparam os dois para um encontro quase marcado! Vendo que Nacib hesita em
contratá-la, Gabriela dispara: “moço bonito”. O árabe cede à ousadia da moça e
aceita seus serviços às escuras, sem ao menos ver seu rosto, coberto de poeira
e terra, assim como os trapos que escondem seu corpo. Cozinheira de mão cheia,
Gabriela surpreende o patrão e faz dele o homem mais afortunado de Ilhéus. Com
cheiro de cravo e cor de canela, sua sensualidade é tão casual quanto ela. Uma
mulher alheia aos costumes da época, que
vai colocar à prova tudo quanto for sentimento humano e seus questionamentos
morais: o amor, a traição, o ódio, o rancor, o perdão.
‘Gabriela’ é escrita por Walcyr Carrasco, com
direção de núcleo de Roberto Talma e direção geral de Mauro Mendonça Filho.
Fonte: Rede Globo
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