O pai do sertanejo Cristiano Araújo, João Reis, e a empresa Cristiano Araújo Produções, que cuidava da carreira do cantor, estão processando Zeca Carmago em uma ação de danos morais por causa dos comentários feitos pelo apresentador após a morte do cantor, em junho.
Confirmada ao UOL pelo escritório de advocacia do cantor, a ação tem o caráter pedagógico. Caso a acusação vença, a quantia, definida apenas posteriormente pelo juiz, será destinada a um fundo de cultura sertaneja, ainda a ser criado, e à instituição de saúde Casa de Apoio São Luiz, de Goiânia, que tem como mantenedor o cantor Leonardo.
Segundo ação, a fala de Zeca Camargo representou uma ofensa à cultura sertaneja e ao amor dos fãs por Cristiano, além de denotar preconceito em relação aos admiradores desse tipo de música.
Em uma análise encomendada pelo "Jornal das Dez", da Globo News, no dia 28 de junho, Zeca afirmou que o Cristiano Araújo "talvez tenha morrido cedo demais para provar que poderia ser uma paixão nacional".
No texto, ele citou as mortes de Ayrton Senna, Mamonas Assassinas e Lady Di para questionar: "Como, então, fomos capazes de nos seduzir emocionalmente por uma figura relativamente desconhecida? A resposta está nos livros de colorir". Segundo Zeca, esse fenômeno editorial destaca "a pobreza da atual alma cultural brasileira".
As insinuações de que Cristiano não era um ídolo repercutiram negativamente e, a pedido da Rede Globo, o apresentador se retratou em uma aparição no programa "Vídeo Show", mas acabou se confundindo ao trocar o nome do cantor pelo do jogador português Cristiano Ronaldo.
"Gostaria de deixar claro que tenho a maior admiração por qualquer artista, sobretudo o 'Cristiano Ronaldo', que não está mais com a gente, que começou com a gente de uma maneira bonita e estourou. Gostaria de me desculpar com quem talvez tenha entendido mal esse texto", disse.
Após a polêmica, Zeca voltou a se posicionar sobre o caso em um novo texto no site "F5", do jornal "Folha de S.Paulo", afirmando que passou a sofrer "bullying" e que a repercussão exagerada desviou o foco do real motivo de seu comentário.
"Enquanto esses mesmos fãs usam o achincalhamento público como um anestésico para sua dor —que é genuína—, a questão que me motivou inicialmente a escrever sobre o assunto segue camuflada sobre toda a cacofonia: empobrecemos na nossa pauta cultural.
Procurado, Zeca Carmargo não atendeu as ligações.
Fonte: UOL
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